Depressão pós-parto: Adolescente abandona bebê de 3 meses em rodovia

Imagem ilustrativa (Foto: João Senechal/Prefeitura de Colombo)

Adolescente disse que queria deixar a criança com o pai, mas ele também não quis

Uma adolescente de 17 anos abandonou a filha, de apenas três meses, na manhã deste sábado (15), às margens da rodovia PR-417, a Rodovia da Uva, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Um policial de folga viu o momento em que a jovem colocou a criança no chão, chamou a polícia e impediu que ela fosse embora até a chegada dos agentes.

De acordo com o delegado Irineu Portes, da delegacia de Colombo, conversando com a jovem, ficou muito claro que ela precisa de ajuda psicológica. Segundo o depoimento, ela e o pai do bebê, um rapaz de 26 anos, tiveram uma briga e ele não queria ficar com a criança. “Ela disse que queria deixar a filha com o pai, mas ele não quis. Ela simplesmente não consegue nutrir nenhum sentimento pelo bebê. Não sou especialista, mas ficou claro que ela sofre de depressão”, disse o delegado.

A criança ficou sob a custódia do Conselho Tutelar até decisão da Justiça. A mãe foi detida e encaminhada para a Delegacia do Adolescente.

Depressão pós-parto

Segundo uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que entrevistou quase 24 mil mulheres entre 6 e 18 meses após o parto, mais de uma em cada quatro parturientes apresenta sintomas de depressão pós-parto no Brasil.

A psicóloga Rosangela Sanches explicou em entrevista ao Portal RIC Mais que, independentemente da idade, qualquer mulher está sujeita a ter um quadro de depressão pós-parto. Porém, mulheres adolescentes, sem estrutura familiar e sem o apoio do pai do bebê, certamente estão mais sujeitas a isso.

“O período da gravidez é uma fase de mudanças profundas para todas as mulheres. Se essa mãe não tem suporte da família, se ela fica ouvindo o tempo inteiro que vai ter que abandonar tudo pra cuidar do filho. Se ela é abandonada pelo pai do bebê… essa mãe já começa a rejeitar a criança e, consequentemente, rejeitar a si mesma”, explica a profissional.

“Para uma mulher adulta, em um relacionamento estável e com uma base familiar sólida, já é difícil se tornar mãe, imagine para uma adolescente”, completa.

Segundo a psicóloga, o ideal é que as mulheres tenham um acompanhamento comportamental desde o pré-natal. “Um médico bem preparado vai questionar a mulher sobre como ela está se sentindo e avaliar se ela deve ser encaminhada para um profissional de saúde mental”, afirma Rosangela, que acredita que faltam políticas públicas para tratar a questão, especialmente nos postos de saúde.

Para a profissional, as adolescentes precisam de orientação antes ainda de engravidar. “Num mundo ideal, os pais devem conversar com os filhos sobre métodos contraceptivos, sobre a responsabilidade de se ter um filho e sobre as consequências de uma gravidez precoce”, esclarece.

15 abr 2017, às 00h00.
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