A presidente Dilma Rousseff aproveitará a cerimônia de entrega das credenciais do novo embaixador da Indonésia no Brasil, nesta sexta-feira, 20, no Palácio do Planalto, para renovar o apelo contra a execução do brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, que está no corredor da morte naquele país. Ela pedirá que ele seja transferido da prisão para um hospital psiquiátrico.

A conversa de Dilma com o novo embaixador indonésio coincide com a ida, também hoje, de um diplomata brasileiro à penitenciária Pssar Putih, na Indonésia, para entregar em mãos ao seu diretor uma carta com novo apelo do governo brasileiro, dessa vez acompanhada de um atestado de médico local comprovando que Gularte sofre de esquizofrenia e precisaria ser internado.

Ontem, a presidente Dilma conversou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, sobre a situação do brasileiro, que cumpre pena por tráfico de drogas. O governo quer evitar, a todo custo, uma nova execução, como aconteceu com Marco Archer, no mês passado. A insistência do governo Dilma na transferência de Gularte para um hospital psiquiátrico na cidade de Yogyarta ocorre três dias depois de o governo indonésio anunciar o adiamento da execução do brasileiro, que ainda não tem nova data marcada.

O Brasil tem pressa na decisão em relação à transferência de Gularte para um hospital psiquiátrico, porque os processos de execução e de autorização para internação correm de forma distinta. Portanto, se a execução for marcada e o pedido de transferência para o hospital não tiver sido julgado, ele será morto, sem qualquer tipo de discussão ou apelo jurídico.

Diagnosticado com esquizofrenia, Gularte pode ser poupado do fuzilamento se o laudo, assinado por um médico do serviço público de saúde daquele país, for aceito pela Justiça.

O brasileiro está preso há 10 anos, desde que tentou entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe.
Tráfico é punido com morte por fuzilamento no país. A legislação, no entanto, diz que o condenado precisa ter consciência do crime cometido e da punição, o que excluiria pessoas que sofrem de doença mental.

De acordo com o Itamaraty, Gularte já demonstra sinais de esquizofrenia há muitos anos, mas só agora foi feita a avaliação psiquiátrica confirmando a doença. A carta entregue pelo diplomata brasileiro é o primeiro passo para que ele seja transferido para o hospital, já que a mudança precisa ser autorizada pelo diretor da penitenciária. Depois disso, ainda é necessário que seja aprovada pela promotoria da Indonésia, que já afirmou que pedirá um outro laudo psiquiátrico, feito por uma junta médica, antes de aprová-la.

Parentes do brasileiro estão na Indonésia e tentam convencê-lo também a aceitar a transferência para o hospital. Afetado pela doença, Gularte diz que se sente seguro na penitenciária e tem medo de sair do local.

Pressão

Gularte deveria ser executado neste mês, junto com outros seis estrangeiros e quatro indonésios, mas o cumprimento da pena foi adiado e ainda não tem nova data. O governo da Indonésia alegou problemas logísticos na prisão de Nusakambangan, onde deve ocorrer o fuzilamento, mas existe a desconfiança de que a pressão da Austrália, que tem dois cidadãos entre os condenados, poderia estar surtindo efeito, mesmo que os pedidos de clemência tenham sido negados pelo presidente Joko Widodo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.