Foto: José Cruz (arquivo)

Ex-presidente da Câmara dos Deputados é acusado de receber R$ 5 milhões em propina de um contrato da Petrobras

 

O ex-presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro na terça-feira (7) e disse que sofre “do mesmo mal que acometeu a ex-primeira-dama Marisa Letícia”, um aneurisma cerebral. Cunha também reclamou da falta de tratamento médico no Centro Médico Penal (CMP) de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está detido.

“O presídio onde ficamos não tem a menor condição de atendimento se alguém passar mal. São várias as noites em que presos gritam, sem sucesso, por atendimento médico, e não são ouvidos pelos poucos agentes que lá ficam à noite”, disse.

Na manhã desta quarta-feira (8), o diretor do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen), Luiz Alberto Cartaxo de Moura, informou que Eduardo se negou a fazer exames médicos para comprovar a existência da enfermidade relatada.

Segundo Cartaxo, esta é a segunda vez que o ex-deputado se nega a ser examinado e “uma pena leve será colocada na sua ficha carcerária”.

A defesa de Cunha diz que não foi informada sobre o exame. Porém, o diretor do Depen afirma que os exames foram solicitado ainda em dezembro. “Essa enfermidade foi revelada no dia 21 de dezembro ao corpo médico do CMP, que solicitou à família e aos advogados que fossem encaminhados os exames e os documentos comprabatórios de tal situação, o que até hoje não aconteceu”, informou Cartaxo no áudio.

Os advogados de Cunha informaram que pediram à família os exames que diagnosticaram o aneurisma e que a documentação deve ser juntada ao processo.

Interrogatório

Nesta terça-feira Eduardo Cunha foi interrogado pela primeira vez por Sérgio Moro, juiz responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância. Foram três horas de audiência.

Cunha está preso desde o dia 19 de outubro e é acusado de receber propina de contratos da Petrobras e usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

Veja abaixo o relato do diretor do Depen:

“Ainda relativamente à questão que envolve Eduardo Cunha e o seu alegado aneurisma, revelado durante audiência na Justiça Federal no dia 7 de fevereiro, hoje, dia 8 de fevereiro de 2017, no início da manhã, o custodeado Eduardo Cunha foi instado a realizar exame capaz de dizer se, efetivamente, ele é portador desta enfermidade. O custodeado negou-se terminantemente a fazer este exame e colhemos o depoimento dos médicos. E, na presença desses médicos, ele afirmou que não faria o exame. Ressalto, ainda, que esse enfermidade foi revelada no dia 21 de dezembro ao corpo médico do CMP, que solicitou à família e aos advogados que fossem encaminhados os exames e os documentos comprabatórios de tal situação, o que até hoje não aconteceu. Então, por duas vezes, já se tentou comprovar a existência deste aneurisma e, por duas vezes, isto não foi possível. Quero dizer que a negativa por parte de Eduardo Cunha em realizar exame determinado pelo corpo clínico do Complexo Médico-Penal, nos termos das leis de execuções penais, constitui infração leve. Ou seja, o conselho disciplinar será aplicado a Eduardo Cunha e uma pena leve será colocada em sua ficha carcerária. Este é o relatório que temos a fazer e esta é a posição definitiva do Depen em relação a esta questão que envolve o aneurisma. Informo, também, que tudo isto está sendo regiamente comunicado ao juiz federal doutor Sérgio Moro, uma vez que se trata de preso provisório sob a égide daquele juiz”.