A juíza Débora Cassiano Redmond, da Vara Criminal de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, acatou a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e tornou Danir Garbossa réu do processo que investiga a morte da funcionária Sandra Ribeiro. O empresário recusou utilizar uma máscara de proteção ao acessar um supermercado, entrou em uma luta corporal com um segurança e um disparo acabou tirando a vida da mulher que trabalhava no estabelecimento.

De acordo com o documento emitido pela Justiça nesta segunda-feira (18), o empresário e seus advogados têm 10 dias para apresentar uma defesa por escrita. Em relação ao vigilante do supermercado, Wilhan Pinheiro Soares, a juíza determinou o arquivamento dos autos em razão das manifestações apontarem fundamentos de legítima defesa.

Empresário vira réu por morte de funcionária de supermercado

Com a decisão da Justiça, agora o empresário Danir Garbossa é réu pelos crimes de homicídio doloso, lesão corporal e infração de medida sanitária. O suspeito havia sido denunciado pelo MP-PR na última quinta-feira (14).

No mesmo documento, a juíza determinou o arquivamento das investigações contra o vigilante do supermercado. Segundo a Justiça “fica claro que Wilhan trabalhou em prol da manutenção da ordem, da segurança e da saúde dos clientes e funcionários do estabelecimento, tendo reagido para cessar injusta agressão se utilizando moderadamente de meios necessários”.

A defesa da família da vítima Sandra Ribeiro, representada pelo advogado Igor Ogar, informou em nota que é favorável a decisão da magistrada. “Desde o início nos posicionamos que se tratava de um homicídio doloso”, destacou a defesa.

Confira a nota e o vídeo:

“Confiamos no poder judiciário, lutaremos de forma intransigente, para que o senhor Danir Garbossa, seja levado as barras do Tribunal do Júri. Para que a sociedade de Araucária, decida. Se aquele ato covarde merece uma severa reprimenda ou não.

Advogado da família da vítima Dr Igor José Ogar.”

Defesa de empresário rebate

Em nota, o advogado Ygor Nasser Salah Salmen, responsável pela defesa do empresário Danir Garbossa, informa que o recebimento da denúncia era esperado, “principalmente em razão da declarada parcialidade existente no processo, a qual busca tão-somente responder o clamor público existente, os interesses particulares da empresa envolvida e que lamentavelmente suprime regras processuais básicas, inclusive tipifica o crime de forma equivocada”.

Segundo o advogado, o vigilante armado, “totalmente despreparado, sem qualquer função dentro de um estabelecimento comercial com grande rotatividade de pessoas e que escolheu o uso de uma arma letal (possuía outras armas não letais), saiu sem qualquer responsabilização criminal”.

Ygor Salmen destacou que não teve acesso às imagens do segurança atirando. “Cadê as imagens que mostram esse indivíduo atirando? Por qual motivo foram escondidas da população? São perguntas necessárias. A verdade é que no processo penal não existe vencedor, enquanto alguns buscam o êxito a qualquer custo, do outro lado temos uma família desestruturada e que chora a morte do seu ente querido”.

O caso – funcionária morta em supermercado

Uma funcionária de uma rede de supermercado foi morta na tarde do dia 28 de abril enquanto trabalhava em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). De acordo com a Guarda Municipal do município, um cliente foi barrado na entrada do estabelecimento, pois estava sem máscara. Como o uso é obrigatório, os funcionários tentaram oferecer uma máscara a ele, que reagiu e motivou os disparos efetuados pela equipe de segurança.

A discussão aconteceu na entrada do estabelecimento, localizado na marginal da Rodovia do Xisto, no Centro da cidade, e foi toda registrada por câmeras de segurança. O cliente, um homem de 58 anos, tentou acessar o local sem o uso da máscara de proteção. Logo, um funcionário informou que era obrigatório o equipamento e o homem reagiu discutindo.

Após ser atingida por um tiro, a funcionária Sandra Ribeiro tentou sair do local, mas não resistiu e morreu próximo a porta do estabelecimento. O cliente que tentou acessar o supermercado sem máscara também foi baleado e precisou ser encaminhado a um hospital. Após receber alta, o homem foi preso.

O segurança e o cliente foram presos. No dia 29 de abril, a empresa responsável pelo vigilante pagou fiança no valor de R$ 10 mil e o segurança foi liberado.

19 maio 2020, às 00h00. Atualizado em: 1 jul 2020 às 14h43.
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