A angústia de quase três dias da família da menina Danielle Tobler Esser, de seis anos, desaparecida há três dias no bairro Paranaguamirim, zona Sul de Joinville, teve fim na manhã de sexta-feira (6). A menina foi encontrada por volta das 6h30 pelo proprietário de uma chácara no loteamento Canaã, a cerca de cinco quilômetros da casa onde ela mora com a mãe, após ficar perdida na mata, segundo relata a criança. “Eu escutei ela chamando: – ô moço, ô moço. Estava cuidando das galinhas e quando vi ela na primeira vez não dei bola, achei que fosse a neta do meu vizinho. Depois fui lá e ela começou a chorar, desconfiei que era a menina desaparecida. Ele estava toda arranhada, dei banana, bolacha, água e depois coloquei no carro e levei para a minha loja”, lembra Valério Nurberg Batista, 54.
Valério conduziu Danielle até seu estabelecimento comercial, na rua Fátima, onde a criança recebeu os primeiros atendimentos e, em seguida comunicou a família. “Ela só falou para mim que o homem que pegou ela é careca e estava em um carro azul. Ele a levou para o mato e quando tentou agarrá-la ela fugiu”, diz Valério. A menina ainda relatou que durante estes mais de dois dias no mato tomou água suja para saciar a sede e na hora de dormir esticava a blusa até as pernas como tentativa de escapar das picadas dos mosquitos. “Ela disse que acordava e saía andando, aí escutou o barulho das galinhas cantando e veio em direção ao meu sítio. É uma emoção bastante forte, me sinto honrado de encontrar ela com vida”, disse Valério.
Ainda na ambulância do Samu, Danielle escutou a voz do pai pelo telefone. “Falei com ela no celular e ela se desmanchou a chorar. Eu também”, falou emocionado o caminhoneiro Walmir Esser, 41. O aparelho foi trazido até o local por uma tia da menina, primeira familiar a chegar à loja de Valério. “Eu estava indo distribuir panfletos e a minha comadre me deu a notícia. Eu sabia que a gente ia encontrar ela, Deus é bom”, afirmou Ananízia Antunes de Souza Borges, 55.
Danielle foi encaminhada ao Hospital Materno Infantil Jeser Amarante Faria, onde reencontrou os pais. De acordo com a pediatra Patrícia Brandilise, responsável pelo primeiro atendimento da criança, o estado de saúde de Danielle é estável. “Ela chegou trazida pelo Samu em bom estado. Não estava desidratada e está lúcida, conversando. Ela chorou bastante, até pela ansiedade do encontro e está nervosa em razão de ter ficado afastada da família tanto tempo”.
A menina passou por uma bateria de exames durante toda manhã de sexta-feira e deverá ficar em observação na unidade pelo período de um a dois dias. Danielle também foi submetida a exame de corpo de delito do IML (Instituto Médico Legal) para comprovar se foi agredida ou mesmo abusada sexualmente. Uma primeira análise descartou as hipóteses.