Um e-mail, se passando pelo empresário e ex-presidente da Petrobras, foi enviado para a filha dele pedindo o valor em depósito
A família do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, quase caiu num golpe. Por e-mail, os familiares receberam um pedido como se fosse do empresário pedindo para que fosse feito um depósito de R$ 700 mil para um suposto pedido de habeas corpus. Desconfiando, um advogado foi procurado e a farsa descoberta.
O e-mail foi enviado como se fosse Aldemir e dizia: “Filha é o pai. Um agente está me ajudando neste e-mail. Estou bem, avisa a sua mãe e a Andressa. Tenho um contato no RJ que tem uma conexão com o STF para garantir o habeas corpus domiciliar. Eu já tinha combinado o valor com eles. Fale com a Silvana fazer um Ted para o banco do Brasil … valor 700 mil reais quando for a hora falo com o Bottini… para pedir o habeas….amo vocês”.
O advogado do empresário, citado inclusive no e-mail, procurou a Justiça e pediu providências sobre o que aconteceu. “Tal situação, em razão de sua absoluta gravidade – chega a beirar o absurdo – demanda a adoção de providências imediatas por parte deste d. Juízo para apuração das devidas responsabilidades”, diz a petição.
Como forma de assegurar que o pedido não foi feito pelo cliente, o advogado reiterou que Aldemir Bendine não tem nada a ver com a situação. “Dessa forma, a fim de demonstrar a sua mais absoluta boa-fé e, novamente, reiterar seu propósito de cooperar plenamente com as apurações, requer seja dada imediata ciência do documento ora apresentado ao Ministério Público Federal e, ainda, seja determinada a instauração de inquérito policial para apurar a autoria do referido e-mail”.
O pedido do advogado também reforça a necessidade de que seja feita a quebra de sigilo do endereço eletrônico usado pelos criminosos. No suposto e-mail enviado, havia inclusive o nome de uma pessoa e dados bancários, o que o advogado também pediu que seja investigado, com a quebra de sigilo bancário da conta corrente indicada para depósito, para que seja identificada a titularidade.
Segundo a Justiça Federal, é preciso aguardar o despacho do juiz. Depois de analisado, Sergio Moro pode encaminhar ou não ao Ministério Público Federal e também para a Polícia Federal, para que o caso seja apurado.
Aldemir Bendine foi preso na 42ª fase da Operação Lava Jato, em 27 de julho, suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht. Ele continua detido na carceragem da PF, em Curitiba, e a prisão temporária foi convertida por tempo indeterminado.
Nesta sexta-feira (4), a Polícia Federal (PF) pediu a transferência de Aldemir Bendine para o Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O juiz federal Sergio Moro autorizou a transferência, mas a defesa entrou com um pedido de não transferência que ainda deve ser analisado.