Foto André Dusek – Estadão Conteúdo

Ditador lutava contra doença intestinal há uma década e vinha aparecendo pouco em público

Fidel Castro, o homem que governou Cuba desde a revolução de 1959 até passar definitivamente o poder para o seu irmão Raúl, em 2008, por causa da saúde debilitada, morreu às 22h29 desta sexta-feira. O ditador estava com 90 anos. Ele lutava contra uma doença intestinal há uma década e sua aparência estava frágil. 

O anúncio foi feito por Raúl na TV estatal cubana. O corpo de Fidel será cremado hoje, sábado (26), em Havana. Na cidade, clubes noturnos foram fechados. Já em Little Havana, bairro de Miami, tradicional reduto de oposição ao regime cubano, centenas de exilados fizeram festa. “Teu dia chegou”, dizia uma camiseta no meio da multidão. 

Castro foi quem, como resumiu o jornal New York Times, “trouxe a Guerra Fria para o hemisfério ocidental, importunou 11 presidentes norte-americanos e brevemente deixou o mundo à beira de uma guerra nuclear”, no caso durante a Crise dos mísseis de Cuba, em outubro de 1962.

Fidel, eternizado pela barba, pelos discursos de horas e pelos agasalhos da marca alemã Adidas, deixa uma herança ambígua. Como afirma o New York Times, seu legado é um misto de “progresso social e pobreza abjeta, igualdade racial e perseguição política, avanços médicos e um nível de miséria comparável às condições que existiam em Cuba quando ele entrou em Havana como um vitorioso comandante de guerrilha em 1959”.

A revolução, que também teve como expoente o argentino Che Guevara (1928-1967), derrubou o ditador Fulgêncio Batista, então no governo de Cuba há 26 anos. O caminho até a tomada do poder começou em 1956 com apenas 81 rebeldes, que se estabeleceram na Sierra Maestra, cordilheira no sul da ilha, e ali começaram uma guerrilha. 

Dois anos depois de se estabelecer como primeiro-ministro, Fidel declarou Cuba um estado socialista, o que motivou os Estados Unidos a declararem contra o país o embargo econômico que segue em vigor.

Em 2016, porém, as relações entre os países descongelaram um pouco. Obama esteve na ilha em março, uma visita que nenhum presidente norte-americano tinha feito em 88 anos. Ele disse ser hora do final do embargo, mas também pediu liberdade e eleições democráticas em Cuba. Em agosto, os voos dos EUA para Cuba voltaram a ser regulares.

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