Geddel ‘vem causando transtornos à direção carcerária’ e Estevão teria financiado reforma no Bloco 5 da Papuda. (Valter Campanato/Agência Brasil)

Ex-ministro e ex-deputado tiveram itens apreendidos em suas celas e são recorrentes em atos de indisciplina dentro do complexo penitenciário

A Titular da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, juíza Leila Cury, determinou a transferência do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o ex-senador Luiz Estevão e o ex-deputado Marcio Junqueira para o setor de segurança máxima da penitenciária da Papuda.

De acordo com a decisão, eles ficarão em celas individuais na ala localizada na parte final da prisão, o que permitirá maior controle dos carcereiros sobre as pessoas que terão acesso a eles. “Isso certamente evitará ou, pelo menos dificultará, a prática, por exemplo, de crime de corrupção”, argumenta Leila.

Para justificar a transferência, a juíza relata os itens apreendidos nas celas de Estevão e Geddel, os atos de indisciplina do ex-ministro, a reforma realizada no Bloco 5 do complexo e a “vulnerabilidade” deles em relação aos demais presos.

“É do conhecimento deste Juízo que, na Ala e cela onde ele [Geddel] se encontra, vem causando inúmeros transtornos à direção carcerária, por indisciplina, sendo inegavelmente mais difícil o controle, por exemplo, de entrega de medicação, em cela coletiva”, diz Leila.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que Geddel cria confusão na carceragem da Papuda. Em abril, o ex-ministro foi flagrado com remédios sem prescrição nem autorização dentro do Complexo Penitenciário. Entre os itens localizados na cela de Geddel estavam antidepressivos, contra insônia, tranquilizantes, analgésicos e para tratamento gástrico além de uma pomada e receita médica.

Apreensões

Somente na cela de Estevão, foram apreendidos 25 objetos, dos quais cinco pen-drives e uma tesoura são comprovadamente pertencentes ao ex-deputado. “Todos os demais itens ainda pendem de vinculação a qualquer reeducando e, alguns deles, de esclarecimento quanto à natureza, se proibida ou autorizada”, diz o documento assinado por Leila.

Na biblioteca do presídio foram localizados outros itens associados a Estevão, que estaria usando o local como “escritório” para administrar sua empresa de dentro da penitenciária. Diante do fato, os delegados responsáveis pela Operação Bastilha citaram o ex-senador como o “dono da Papuda”. A indisciplina fez inicialmente com que Estevão fosse desqualificado para as atividades de trabalho que desempenhava na Papuda.

Esta não é a primeira vez que são encontrados itens irregulares no aposento do ex-senador. Em janeiro de 2017, apreendeu dentro da cela de Estevão diversos itens cujas posses não eram permitidas, como máquina de café, cápsulas de café, salmão defumado, massa importada e chocolate importado. Na ocasião, Estevão cumpriu 10 dias de isolamento preventivo.

Diante da situação, Leila alerta para uma possível “corrupção de agentes públicos, se afastada a possibilidade de terem sido entregues a Luiz Estevão por alguns de seus visitantes que tenham porventura burlado a vigilância ou, ainda, através de algum outro preso classificado para trabalho fora do bloco”.

Ela lembra ainda que, em dezembro de 2016, recebeu uma denúncia anônima afirmando que Estevão “teria corrompido alguns dos agentes lotados no CDP com intuito de receber privilégios durante o cumprimento de sua pena”. “Naquela época, havia indícios de que Luiz Estevão teria, inclusive, doado um imóvel para um dos agentes ali lotados em troca de recebimento de privilégios”, menciona a juíza.

Reforma

O documento menciona ainda que a transferência de Estevão para a segurança máxima leva também em conta a suspeita de que ele teria sido responsável por uma reforma no Bloco 5 da Papuda, o mesmo ocupado por ele.

“Considerando que os fatos relacionados à reforma do Bloco 5 do CDP ainda não estão solucionados judicialmente, é de bom alvitre que Luiz Estevão seja afastado de lá”.

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