Cutrale e JBS Aves foram flagradas nas fiscalizações do Ministério Público em busca de trabalho escravo
*Do R7
A nova lista suja do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho na semana passada, revela que gigantes do agronegócio brasileiro empregam mão de obra em condições análogas à escravidão.
Em 2015, uma ação resgatou nove trabalhadores em Santa Catarina, na JBS Aves Ltda, subsidiária da JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo.
A empresa pertence ao grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, presos acusados de manipulação do mercado financeiro.
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Apesar do envolvimento nos escândalos de corrupção investigados pela operação Lava Jato, a empresa segue entre as maiores exportadoras do Brasil.
Em nota ao R7, a JBS Aves Ltda afirmou desconhecer “sua inclusão na lista de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão”, disse que não foi notificada até o momento e garantiu manter “rígidos controles na contratação de prestadores de serviços e fornecedores” (leia comunicado ao final da reportagem).
A outra gigante da agroindústria pega em flagrante foi a Sucocítrico Cutrale Ltda, uma das maiores vendedoras mundiais de suco de laranja. Em 2013, foram resgatadas 23 pessoas em condição análoga à de trabalho escravo.
Com cerca de 18 mil colaboradores nos períodos de safra, a empresa, localizada em uma fazenda de Comendador Gomes, cidade na região do Triângulo Mineiro, é uma grande doadora de campanhas políticas.
Em 2014, a Sucocítrico Cutrale Ltda doou R$ 3 milhões para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) e R$ 2 milhões para a campanha de Paulo Skaf (PMDB), candidato ao governo do Estado de São Paulo, que não foi eleito.
No mesmo ano, a empresa fez doação de R$ 500 mil para a campanha da Senadora Katia Abreu (PMDB-TO); de R$ 475 mil para a campanha da senadora Fátima Bezerra (PT); além de R$ 200 mil para o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP); R$ 150 mil para a campanha de Marcos Montes (PSD-MG); R$ 100 mil para a de Zé Silva (SD-MG); R$ 70 mil para Marinha Raupp (PMDB-RO).
A reportagem do R7 entrou em contato com a assessoria da Cutrale via e-mail, mas não obteve resposta para comentar os dados do Ministério do Trabalho.
Dados sobre a lista
Outro dado interessante sobre a lista com os 131 empregadores que foram pegos em flagrante é que Minas Gerais é o Estado com o maior número de empresas com trabalho escravo: 42 no total, onde foram resgatadas 1.008 pessoas em situação de trabalho escravo.
No Pará, foram autuadas 16 empresas, totalizando 116 trabalhadores resgatados.
Confira os números pelo País, além de Minas Gerais e Pará:
Mato Grosso: 10 locais, 68 trabalhadores resgatados;
São Paulo: 8 locais, 112 trabalhadores resgatados;
Santa Catarina: 8 locais, 67 trabalhadores resgatados;
Goiás: 7 locais, 121 trabalhadores resgatados;
Bahia: 6 locais, 109 trabalhadores resgatados;
Piauí: 6 locais, 98 trabalhadores resgatados;
Rio Grande do Sul: 5 locais, 42 trabalhadores resgatados;
Maranhão: 4 locais, 44 trabalhadores resgatados;
Tocantins: 4 locais, 30 trabalhadores resgatados;
Paraná: 3 locais, 156 trabalhadores resgatados;
Acre: 2 locais, 18 trabalhadores resgatados;
Mato Grosso do Sul: 2 locais, 10 trabalhadores resgatados;
Rio de Janeiro: 2 locais, 5 trabalhadores resgatados;
Rondônia: 2 locais, 5 trabalhadores resgatados;
Amapá: 1 local, 23 trabalhadores resgatados;
Amazonas: 1 local, 2 trabalhadores resgatados;
Espírito Santo: 1 local, 12 trabalhadores resgatados;
Pernambuco: 1 local, 19 trabalhadores resgatados.
Leia a nota da JBS Aves Ltda na íntegra:
“A JBS Aves desconhece sua inclusão na lista de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão, não tendo sido notificada até o presente momento pelo Ministério do Trabalho sobre qualquer decisão nesse sentido. A Companhia e todas as suas marcas não compactuam com esse tipo de prática e possuem rígidos controles na contratação de prestadores de serviços e fornecedores.
A empresa também reafirma seu compromisso com o fortalecimento das ações contra o trabalho escravo no Brasil e reforça que é signatária, desde 2007, do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e foi a primeira indústria de alimentos a se tornar membro do Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPACTO) desde 2014.”
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