Greve na Petrobras continua e petroleiros vão recorrer de decisão do TST

Publicado em 18 fev 2020, às 00h00.

Em greve desde o dia primeiro deste mês, os petroleiros vão recorrer à Justiça contra a decisão monocrática do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra, da segunda-feira, 17, que considerou a paralisação abusiva e ilegal.

A orientação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que vai deliberar coletivamente em assembleias com os sindicatos filiados os rumos do movimento.

Enquanto isso, os funcionários da Petrobras vão continuar de braços cruzados. “O tempo para a gente discutir saídas para essa greve não pode ser discutido numa mensagem de rede social. Vamos conversar com os nossos sindicatos e com a nossa base para definir o melhor caminho que a federação e os seus sindicatos irão tomar”, afirmou o diretor da FUP Tadeu Porto, um dos integrantes da comissão montada para negociar com a direção da empresa.

Gandra argumentou em sua decisão que os petroleiros não estão cumprindo determinação anterior para que 90% dos funcionários continuem trabalhando e assim garantam a continuidade da operação e o abastecimento de combustíveis à população. Segundo a FUP, 21 mil aderiram à greve.

A Petrobras informou em comunicado à imprensa na noite de segunda que “já notificou as entidades sindicais da decisão e aguarda que todos os empregados retornem às suas atribuições imediatamente”.

A FUP criticou a decisão e disse entender que o movimento grevista é legítimo e legal. “Entendemos que essa decisão é inconstitucional e nossos advogados em todo o Brasil estarão, sim, vendo uma forma de questionar essa decisão monocrática do ministro Ives Gandra”, disse em vídeo o diretor da FUP Deyvid Bacelar.

Segundo ele, a entidade tomou conhecimento da medida do TST “de maneiras ainda não oficiais”.

A decisão do ministro do TST estabeleceu multas diárias de entre R$ 250 mil e R$ 500 mil aos sindicatos em caso de descumprimento, além de bloqueio de contas e repasse de mensalidades associativas.

Na segunda-feira, a FUP havia afirmado que a paralisação tinha adesão de mais de 60% dos funcionários da área operacional da Petrobrás, envolvendo 21 mil trabalhadores em 13 Estados, incluindo os de plataformas do pré-sal.

A paralisação foi motivada pelas demissões na fábrica de fertilizantes Fafen-PR, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e discordância em relação aos desinvestimentos da companhia, além da exigência do cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que segundo os sindicalistas, estaria sendo desrespeitado pela atual gestão.