O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 7, que a reforma administrativa que o governo deve enviar ao Congresso nos próximos dias poderá ter prazos diferentes para que cada carreira alcance a estabilidade no serviço público. “Vamos discutir com cada carreira o tempo de teste. Policiais que precisam correr atrás de bandido podem ter estabilidade mais cedo, mas aqueles ‘carimbadores de papel’ podem ficar estáveis só depois de 15 anos. Vamos debater”, afirmou, em palestra do evento Diálogos com o TCU, organizado pelo Tribunal de Contas da União.
Guedes também defendeu as medidas já anunciadas essa semana no Plano Mais Brasil para transformar a estrutura do Estado. “Ao mesmo tempo em que abrimos o regime político, não conseguimos transformar economia. Agora temos que transformar a máquina, por meio do novo pacto federativo”, considerou.
Ele citou o exemplo do federalismo nos Estados Unidos para mostrar que lá cada Estado e município é responsável pelos seus problemas financeiros. Pela proposta de novo pacto, a União não poderá mais oferecer socorro aos Estados a partir de 2026, quando os bancos públicos também ficarão proibidos de conceder crédito aos governos estaduais. “Nos EUA só há socorro a Estados e municípios em momentos de desastres naturais”, comentou.
Mais uma vez, o ministro pediu tempo para que os resultados das medidas adotadas pelo governo Bolsonaro apareçam na economia. “Dá para esperar um ano, um ano e meio?”, reafirmou. “Com o corte de gastos, a taxa de juros já veio de 7% para 5% e vai continuar caindo. Só com a queda da Selic, o gasto com juros vai cair R$ 100 bilhões em 2020”, completou.
Em longa explanação inicial, o ministro realizou ainda uma ode ao capitalismo e alertou para o crescimento do Oriente em meio à perda de riqueza em países centrais do Ocidente. “Nunca o capitalismo foi tão forte, nunca as engrenagens de mercado funcionaram com tanta potência. O Oriente está enriquecendo, enquanto o Ocidente está saindo da fartura. Os europeus pararam de trabalhar e os EUA fizeram pontes de papel para a riqueza, enquanto os asiáticos mergulharam no capitalismo e estão enriquecendo. O Ocidente não está aguentando competição”, palestrou.
Sempre elogioso ao neoliberalismo implementado no Chile, Guedes voltou a minimizar a onda de protestos no país sul-americano. “Existe um caminho testado que reconstruiu o Chile. O Chile agora tem protestos igual à França, em países ricos também têm isso na democracia. Mas na China não tem protestos, precisamos interpretar corretamente e não cair em pistas falsas”, completou.