Índios bloqueiam BR-373 em Mangueirinha. (Foto: Divulgação/Comunidade Indígena)

A manifestação teve o objetivo de expressar a posição dos indígenas contra a transferência da FUNAI do Ministério da Justiça para o Ministério dos Direitos Humanos

Índios da aldeia Kaingang localizada em uma reserva indígena nas cidades de Chopinzinho, Mangueirinha e Coronel Vivida, no sudoeste do Paraná, bloquearam a BR-373, próximo ao trevo de Mangueirinha, por cerca de duas horas durante a tarde desta quarta-feira (19) durante um protesto.

De acordo com as lideranças indígenas, a manifestação teve o objetivo de expressar a posição dos indígenas contra a transferência da FUNAI do Ministério da Justiça para o Ministério dos Direitos Humanos.

Durante o bloqueio na rodovia, que ocorreu de forma pacífica, os índios seguraram faixas e cartazes com dizeres contra a transferência da FUNAI.

O bloqueio na BR- 373 ocorreu por volta de 2 horas. (Foto: Divulgação/Comunidade Indígena)

Indígenas pedem que Funai continue no Ministério da Justiça

No dia 6 de dezembro, representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já haviam entregado à equipe de transição de governo um pedido para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) permaneça no Ministério da Justiça. “Nenhum outro ministério é preparado para tratar de conflitos fundiários. Ali é a instância onde a Funai vai estar atuante e vai ter condições de resolver os conflitos e acabar com o genocídio dos povos indígenas”, disse o coordenador da Apib, Kretã Kayngang, na ocasião.

A possibilidade de transferência da Funai foi mencionada pelo ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni, que comandará a Casa Civil no próximo governo. O assunto foi mencionado quando Lorenzoni apresentou a estrutura do futuro governo em uma entrevista coletiva no dia 3 de dezembro.

Panfleto sobre a transferência da FUNAI. (Imagem: Divulgação/Comunidade Indígena)

Funai faz pedido à Moro

Servidores da Funai também enviaram uma carta ao futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, na tentativa de evitar o remanejamento. Na carta, os servidores destacam a importância de a Funai permanecer sob os cuidados do Ministério da Justiça. A preocupação concentra-se em torno da demarcação de terras indígenas e garantias de direitos dos índios.

No documento, os funcionários ressaltam que, desde 1988, as políticas indigenistas deixaram de ser atribuição exclusiva da Funai, o que acarretou, na diminuição do orçamento desta fundação, e por consequência na dificuldade de desempenhar suas funções de proteger os direitos indígenas.

Ainda de acordo com o grupo, o orçamento da fundação passou de R$ 190 milhões, em 2013, para R$ 117 milhões neste ano.

Segundo servidores da fundação e indigenistas, as péssimas condições de trabalho têm levado um crescente número de funcionários a desistir dos cargos.

*Com informações de Leandro Souza, repórter da RICTV Oeste