Ex-presidente chamou Palocci de ‘frio e calculista’ e perguntou a Moro se ele é um juiz imparcial
O segundo interrogatório do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro durou cerca de duas horas, bem menos que as cinco que duraram o primeiro interrogatório, mas teve seus momentos tensos.
“Apesar de entender que o processo é ilegítimo e é injusto eu pretendo falar. Eu talvez seja a pessoa que mais queira a verdade nesse processo”, Lula disse logo no início.
A defesa disse que Lula não iria responder a perguntas de outros advogados. Segundo Zanin, advogado do ex-presidente, porque “marjoritariamente se tratam de delatores ou que pretendem delatar”.
Lula criticou Moro pelo uso da palavra denegrir, ao que o juiz respondeu ao ex-presidente que “não era momento para discursos”.
Em um dos momentos mais tensos da tarde, Lula comentou: “Estes processos contra mim fizeram com que voces viraram reféns da imprensa brasileira. Vou chegar em casa, almoçar com oito netos e uma bisneta. Posso olhar na cara dos meus filhos, dizer que eu vim prestar depoimento a um juiz imparcial?”
Moro respondeu: “Não cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta para mim, mas, de todo modo, sim”.
“Porque não foi isso que aconteceu na outra ação”, fustigou Lula.
Também sobraram críticas para Antônio Palocci, a quem o ex-presidente chamou de “calculista”. O antigo braço direito de Lula teve o nome citado dezenas de vezes no interragatório. Em um dos comentários que mais falou da relação entre os dois, Lula comentou:
“Eu quero contar o meu contexto: eu vi atentamente o depoimento do Palocci. É uma coisa quase que cinematográfica, quase feita por uma roteirista da Globo. (…) Preparam alguns lides para ele dizer. E eu conheço o Palocci bem… se ele não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que era capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, é calculista, é frio…”.
Em nota, Palocci respondeu:
Enquanto o Palocci mantinha o silêncio, ele era inteligente e virtuoso; depois que resolver falar a verdade, passou a ser tido como calculista e dissimulado. Dissimulado é ele, que nega tudo o que lhe contraria e teve a pachorra de dizer que se encontrava raramente com o Palocci a cada 8 meses. Quando lhe foi apresentada a agenda do Dr. Emilio Odebrecht esquivou-se, dizendo que o documento é falso. Essa é a lógica dele: os que o acusam mentem, os documentos são falsos, e só ele diz a verdade.
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