Lava Jato investiga bunker usado para guardar dinheiro roubado da Petrobras 

Publicado em 16 jan 2020, às 00h00.

A Lava Jato investiga um bunker que teria sido usado para guardar dinheiro desviado da construção da sede da Petrobras na Bahia. O prédio comercial de luxo na região central de Salvador escondia o bunker. 

Segundo o empresário Alexandre Suarez, que fechou acordo de delação premiada, no local havia um cofre, onde se guardava os valores para serem entregues, de acordo com a necessidade, para os dirigentes da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, servidores da própria estatal e integrantes do Partido dos Trabalhadores.

A sala, no quinto andar do prédio, pertence a uma empresa em nome do pai do próprio delator, Mario Suarez, que também fechou acordo de colaboração com a Justiça.

Pai e filho eram donos da Mendes Pinto Engenharia, que fazia a gestão da torre Pituba, construída em uma parceria da Odebrecht com a OAS. A obra custou um R$ 1,3 bi. 

Segundo as investigações, as duas construtoras pagaram R$ 68 milhões em propinas para levantar o prédio, que pertence a Petros. Para garantir o negócio, a estatal se comprometeu a alugar o edifício por trinta anos.

As revelações feitas por pai e filho vão servir como base para novos pedidos de investigações na Lava Jato. Além disso, a delação dos empresários baianos serve como reforço as denúncias de outra delação, a do ex-ministro Antonio Palocci, que narrou casos de corrupção em fundos de pensão administrados pelo PT. 

O dinheiro desviado da torre Pituba teria abastecido as campanhas de Jaques Wagner ao governo da Bahia e da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2010.  De acordo com o delator Mario Suarez, quase R$ 10 milhões foram diretamente para o PT. A parte que beneficiou a ex-presidente Dilma foi operada pelo ex-tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto, e foi repassada em forma de mesadas entregues na sede do PT, em São Paulo. 

Este é o terceiro bunker descoberto pela Lava Jato. Em setembro de 2017, a polícia federal encontrou R$ 51 milhões em um apartamento, também em Salvador. O dinheiro pertencia ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e seria propina paga pela Odebrecht ao MDB. 

Há um ano, os investigadores descobriram que Paulo Preto, apontado como operador de propinas do PSDB paulista, mantinha um local para guardar o dinheiro dos subornos em São Paulo.