"A Sra. não vai almoçar com seu filho, ele está morto", ouviu mãe de jornalista
Daisy Orsini, mãe do jornalista morto pela polícia no bairro Batel em Curitiba, contou em entrevista à RICTV Curitiba | Record PR que soube do assassinato do filho Andrei Gustavo Orsini Francisquini, de 35 anos, por telefone na tarde do Dia das Mães, 12 de maio de 2019. (Assista entrevista completa abaixo)
“Eu recebi a notícia muito tarde, já era no domingo às 14h00. Através de um amigo nosso, da infância dele, de Santo Antônio da Platina, me perguntando quando eu tinha visto o Andrei pela último vez. Eu disse ‘magina, eu vi o Andrei ontem a noite para jantar e certamente vamos almoçar daqui a pouco’. Aí, ele falou ‘Não, a sra. não vai almoçar com seu filho, ele está morto’. Aí, a gente entrou em desespero. Meu esposo ligou para o 190 e aí veio, realmente, a confirmação do IML”, disse Daisy.
Último jantar
Durante a conversa, Daisy lembrou emocionada que na noite de sábado (11) jantou com o filho como pré-comemoração ao Dia da Mães. “Eles nos acompanhou em casa, nos despedimos, deu um abraço muito forte em mim e disse ‘Mamãe, amanhã, eu estou aqui para tomar café com a senhora’. Então esse foi o último abraço dele”.
Nesse mesmo jantar, o jornalista, segundo a mãe, teria expressado sua aversão às armas, contrariando a versão da polícia de que ele estaria portando uma pistola 9mm no momento do suposto confronto com a PM. “Meu filho nunca teve arma. Quando ele esteve um tempo morando comigo, no início que eu vim para Curitiba, nunca vi arma. O Andrei é avesso a agressão física, é avesso a agressão verbal. Inclusive, nessa nova legislação, ele fez algumas observações, nós conversando no jantar e ele não aprovava a questão da arma. Ele não tinha arma”, declarou Daisy.
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Problemas com documentação de veículo
Ela também explicou que o filho estava com problemas na documentação do veículo – IPVA vencido e prestação do carro atrasada – e isso pode ter motivado sua fuga da polícia. “Se o carro estava com busca e apreensão, se a carteira dele estava cassada como disseram. Tem outros métodos pra se aplicar. Eu não tô aqui pra julgar. Isso não é um julgamento. É um comentário de uma mãe, um comentário de alerta para as pessoas, para a comunidade”.
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“A Polícia Militar é uma instituição de credibilidade, está aí para defender a comunidade, defender a família. Eu prefiro acreditar que a instituição vai esclarecer esses fatos. Eu espero o apoio da Justiça para esse esclarecimento para que essa situação não termine em vão. Nós cidadãos precisamos acreditar na polícia”, finalizou a mãe.
Motivação
A família de Andrei acredita que sua morte tenha sido em decorrência de uma fuga da polícia que ocorreu há pouco mais de um mês. A própria PM divulgou que, no dia 30 de março deste ano, o mesmo veículo conduzido pelo jornalista já havia fugido de uma abordagem policial “após o condutor ter sido visto efetuando disparos de arma de fogo em via pública”.
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“Eu presumo o seguinte, que toda essa situação decorre do evento do dia 30 de março. O evento que o Andrei teria fugido da polícia em pleno centro e os policiais não conseguiram pegá-lo. Então, depois disso, certamente houve ali, a informação de que aquele veículo transitava na região e os policiais ficaram monitorando o aparecimento dele”, disse o advogado Paulo Cristo sobre o que acredita ter ocorrido na madrugada da morte do jornalista.
Assista à entrevista completa:
Três soldados da PM disparam pelo menos 16 tiros contra o carro que Andrei dirigia na madrugada de domingo (12).
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