Caso Magó: laudo confirma que bailarina foi estuprada no noroeste do Paraná
A bailarina Maria Glória Poltronieri Borges sofreu violência sexual, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Maringá, divulgado nesta segunda-feira (3). Apesar das evidências de que a jovem havia sido estuprada antes de morrer, o resultado do exame era esperado pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Zoroastro Nery do Prado Filho, agora, a investigação aguarda o término da análise do material encontrado no órgão sexual da vítima.
“Eu não tenho nem palavras. A justiça será feita, Deus fará justiça, a polícia vai encontrar essas pessoas, eu tenho certeza e eu sinto pena, é uma pena que existam ainda pessoas desse nível na nossa sociedade. A gente precisa evoluir muito pra que essas coisas possam parar de acontecer”, desabafa Ana Clara Poltronieri, irmã de Magó.
Investigação do Caso Magó
A maringaense de 25 anos foi encontrada morta com a própria peça íntima no pescoço, no dia 26 de janeiro desde ano, perto de uma cachoeira em Mandaguari, no noroeste do Paraná. Na quinta-feira (30), um laudo confirmou a causa mortis como asfixia por estrangulamento causado pela calcinha que foi usada como um torniquete.
Para os delegados responsáveis pelo caso, pelo menos dois homens participaram do crime, já que Magó estava com várias marcas de luta pelo corpo e, além de ser uma mulher forte, também era professora de capoeira. “Pode ter mais de um envolvido tendo em vista as condições em que foi encontrado o corpo. A gente sabe que a vítima tinha uma certa habilidade, ela lutava capoeira, não seria fácil de apenas uma pessoa dominá-la”, explica Zoroastro.
Até o momento, foram coletados materiais genéticos de três homens que estiveram na região da cachoeira no dia do crime.
O fato do local onde Magó foi morta e estuprada ser um lugar aberto, com várias entradas e trilhas que levam até a cachoeira e não somente pela chácara de onde ela desapareceu, dificulta a identificação de possíveis suspeitos. Por isso, outras duas chácaras que ficam nas proximidades e um aviário que está em construção também são alvos da investigação.
Manifestação
Neste sábado (1º), uma manifestação contra o feminicídio da bailarina e de todas as mulheres reuniu centenas de pessoas em Maringá. Os participantes homenagearam todas as vítimas desse tipo de crime e fizeram apresentações artísticas, já que Magó era um expoente da arte no noroeste do estado.
“Eu fico imaginando, minha filha vendo isso lá de cima, vendo tudo isso aqui, pra todas as mulheres que sofreram violência em Maringá, pra todas as mulheres que sofrem violência no país”, declarou emocionado Maurício Borges, pai de Magó.
Simultaneamente, em Curitiba, várias pessoas também se reuniram em frente ao Teatro Guaíra para pedir pelo fim do feminicídio.
O crime
Maria Glória foi levada pela mãe até uma chácara, no início da tarde de sábado (25), para ficar sozinha, rezar e se conectar com a natureza. Ela fazia parte de um grupo chamado ‘Memória Ancestral Tribo da Lua’ e iria honrar São Sebastião. O combinado era buscá-la na tarde de domingo (26).
No entanto, a jovem foi vista pela última vez por volta das 16h30 de sábado (25), antes mesmo de montar acampamento. Sua barraca e seus pertences foram encontrados jogados perto de um portão por volta das 17h e, na sequência, uma equipe da equipe da Defesa Civil que fazia treinamento na chácara realizou duas buscas para tentar localizá-la, aproximadamente às 18h e às 19h de sábado.
Magó só foi encontrada no início da tarde de domingo, pela própria irmã e a cerca de 10 metros de uma das trilhas principais nas proximidades de uma cachoeira, que fica a cerca de 800 metros da sede chácara.
Nesse espaço de tempo, entre o desaparecimento e sua localização, além das buscas feitas no sábado, na manhã de domingo várias pessoas passaram pelo local enquanto faziam um passeio na natureza, contudo, ninguém viu o corpo da bailarina.
Como o laudo pericial também aponta que a morte ocorreu entre às 5h e 6h da manhã de domingo. A polícia suspeita que ela possa ter sido levada para outro local e até mantida como refém durante a noite e a madrugada.
Uma força-tarefa das Polícias Civil de Maringá e Mandaguari investiga o caso.