O presidente da Espanha, Mariano Rajoy, rivaliza com o presidente da Generalidade da Catalunha, Carles Puigdemont, na polêmica da independência; na imagem, os dois juntos em evento após os ataques terroristas em Barcelona, em agosto (Foto: Foto: Protecció

Contra a vontade do governo espanhol, a região organizou uma votação para forçar a sua independência

Mais de 840 pessoas ficaram feridas em confrontos na Catalunha, onde foi realizado um referendo sobre a independência da região, segundo dados do Ministério da Saúde da Catalunha. O governo espanhol é contrário ao referendo que foi monitorado por forte aparato policial. 

Duas pessoas estão em estado grave, de acordo com as autoridades locais. Um dos feridos com gravidade é um homem atingido no olho por um tiro de bala de borracha em frente a um dos centros de votação em Barcelona. Além desse caso, um idoso sofreu uma parada cardíaca enquanto a polícia expulsava pessoas de um colégio eleitoral na cidade de Lérida e foi internado também em Barcelona. A Polícia Nacional e a Guarda Civil da Espanha detiveram seis pessoas, uma delas menor de idade, acusadas de resistência, desobediência e atentado a autoridades. As informações são da agência EFE.

Pelo Twitter, o Ministério do Interior da Espanha divulga apenas o número de agentes das forças de segurança feridos durante os conflitos de hoje na Catalunha. Segundo o órgão, 19 policiais e 14 guardas-civis tiveram atendimento médico. Nos últimos dias, o governo central enviou para a região mais de 10 mil agentes.

Os oficiais atuaram para impedir a realização da consulta, que não é considerada legal pelo governo espanhol. Foram confiscadas urnas e cédulas de voto, além de material de divulgação nos centros de votação.

As ações geraram protestos e muitos conflitos nas ruas da região.

O porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, atribuiu o número de feridos à violência “policial do Estado” e aconselhou aos feridos a comparecer a centros de saúde para obter um atestado médico e apresentar denúncia à polícia da região, conhecida como Mossos d’Esquadra.

Já a Polícia Nacional defende a operação. Também por meio do Twitter, a polícia destacou que atua para defender “a legalidade, com proporcionalidade, congruência e oportunidade” e que “apesar das provocações, insultos ou agressões, nossa missão é proteger a legalidade e velar pelo Estado de Direito”.

Na mesma rede social, centenas de pessoas compartilham denúncias de agressões usando hashtags como #ReferendumCAT, além de críticas ao uso de balas de borracha pelos policiais, o que é proibido desde 2014. Nas ruas, há protestos em defesa da democracia, tanto na região autônoma quanto em outras cidades, a exemplo da capital espanhola, Madri, onde centenas de pessoas protestam agora na Praça do Sol, em apoio ao referendo e solidariedade aos catalães.

Apesar dos conflitos, o referendo foi mantido. Agora, uma multidão acompanha a contagem de votos na Praça da Catalunha, em Barcelona.

Entenda o referendo

No referendo, os catalães deveriam responder sim ou não se a Catalunha deve seja um Estado independente em forma de República, ou seja, separar-se do governo central espanhol.

A consulta foi considerada ilegal pela Justiça espanhola. No entanto, tanto o governo catalão como o Parlamento rechaçaram a decisão do tribunal e mantiveram o referendo, considerado primeiro passo para a independência da região. O governo espanhol alega que o referendo fere a constituição e a unidade do país.

A Catalunha tem uma população de 7,5 milhões de habitantes. Em 2014, houve uma tentativa semlehantes de consulta, sem valor legal.