Foto: Hedeson Alves/Aen

Frigorífico teria fornecido salsicha de peru sem carne para escolas do Paraná

Até a merenda escolar dos estudantes da rede pública do Paraná teria sido afetada por fraudes reveladas na Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira (17) Polícia Federal.

De acordo com o delegado Maurício Moscardi Grillo, responsável pela operação, foi encontrada carne processada em que na verdade não havia proteína animal, e sim, soja.

“Inclusive há uma destas empresas que forneciam merenda escolar no Paraná que não havia carne dentro, era proteína de soja”, disse, durante entrevista coletiva na sexta-feira. Segundo ele, quem forneceu o produto para as escolas foi o Frigorífico Souza Ramos.

Segundo a polícia, na prática, as escolas teriam recebido salsicha de peru em que a carne era substituída por fécula de mandioca e proteína de soja.

De acordo com a PF, foi esse contrato de fornecimento para a rede pública de ensino que deu início às investigações que revelaram uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio.

Em nota enviada à imprensa, a empresa Central de Carnes Paranaense Ltda., dona das marcas Master Carnes, Novilho Nobre e Souza Ramos, esclareceu que recebeu a visita dos policiais e colaborou no que foi possível e que continuará colaborando. A nota afirma também que nenhum dos diretores e/ou funcionários da empresa foi detido.

“Comprometidos com a verdade e a ética que sempre pautou nossa linha de procedimento, informamos que os produtos fornecidos por nossas empresas seguem a risca as exigências de qualidade”, diz um trecho da nota.

A Secretaria Estadual de Educação informou que cancelou os contratos com o Souza Ramos e que abriu uma investigação interna para apurar a denúncia.

O diretor comercial do frigorífico Edinandes Alexandre Santos disse que o contrato referente às salsichas adulteradas é de 2014, quando o frigorifico pertencia a outros donos. Segundo ele, os atuais proprietários compraram o estabelecimento em novembro de 2015.

Entenda:

A Operação Carne Fraca apontou fraudes no processamento de carnes por algumas das maiores empesas do ramo alimentício do país, como BRF (dona da Sadia e Perdigão) e JBS (Friboi e Seara) e Peccin, identificadas pela Operação Carne Fraca.

Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás “atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público”.

Confira a nota da Central de Carnes Paranaense Ltda. na íntegra:

“Em atenção à imprensa e à sociedade, em virtude de notícias veiculadas nesta sexta-feira (17), a empresa Central de Carnes Paranaense Ltda., dona das marcas Master Carnes, Novilho Nobre e Souza Ramos, esclarece que recebeu a visita dos policiais nesta manhã, e que colaborou no que foi possível e que continuará colaborando.

Nenhum de nossos diretores e/ou funcionários está detido. É importante que se desvincule a ideia de que todas as empresas investigadas pela polícia, de fato adulterem e/ou burlem a lei, e sim fazem parte da investigação , pois necessitam dos serviços do MAPA, isto é, uma vez que todas as nossas empresa tem certificação do ministério, é necessário que sejamos auditados e fiscalizados pelo órgão.

Comprometidos com a verdade e a ética que sempre pautou nossa linha de procedimento, informamos que os produtos fornecidos por nossas empresas seguem a risca as exigências de qualidade.

Outro ponto que fazemos questão de destacar é, que acreditamos que esta investigação é de suma importância para uma concorrência leal no mercado, onde quem ganha é o consumidor. Tenham a certeza de que a credibilidade de nossa empresa não ficará manchada, pois a nossa filosofia de trabalho sempre foi pautada na verdade e na ética.”