Serão liberados R$ 430 milhões para a comercialização da safra deste ano, que irão subsidiar a compra de trigo em leilões, a partir do dia 15, no Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, as medidas anunciadas podem ajudar o agricultor a vender melhor seu produto e garantir mais renda no segundo semestre. “Mas isso não reverte o tamanho da área plantada no Paraná, que este ano é a menor desde 1975”, disse.
Segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), o produtor paranaense está plantando 785 mil hectares com trigo, a menor área em 37 anos. Em 1989, foram cultivados 1,8 milhão de hectares. “A redução drástica foi causada pelo desestímulo ao produtor, que enfrenta sérios problemas de liquidez no período da comercialização e não consegue vender sua safra por causa da concorrência do produto argentino”, explicou Ortigara.
O secretário avaliou que, para o Paraná, a redução na área plantada coloca em risco a política de apoio ao setor nos últimos 25 anos, período em que foram feitos investimentos em pesquisa tecnológica, em novas variedades de produção mais adaptadas ao clima e ao solo paranaenses. “É uma grande opção ao agricultor no período do inverno. O produtor tem uma alternativa para sair do binômio soja e milho e evitar o esgotamento do solo”.
Reivindicações – As principais lideranças do agronegócio paranaense apresentaram reivindicações ao ministro da Agricultura, como a necessidade de reduzir os juros dos financiamentos agrícolas para custeio e o fortalecimento do seguro rural. Também apresentaram suas preocupações com o elevado custo de produção das principais culturas, em função do encarecimento de insumos e defensivos agrícolas e das dificuldades de logística, que reduzem a participação do produtor rural no preço final dos produtos.
O líder cooperativista João Paulo Koslovski, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná, pediu a redução de pelo menos um ponto percentual na política de juros para o setor agrícola. Atualmente o setor tem taxas médias de 6,75%, que vêm desde 2007. “De lá para cá os juros da economia em geral já caíram, mas essa tendência não aconteceu no setor agrícola”, disse. Outra reivindicação apresentada pelo setor cooperativista foi a desoneração tributária. Segundo Koslovski, o governo federal deve estender o apoio dado ao setor industrial, em relação à desoneração de tributos, para as cooperativas.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, o governo federal precisa dar mais garantia e segurança ao agricultor. “O governo precisa entender que é mais fácil ter uma política de seguro que renegociar a dívida todo ano”.
Ortigara defendeu junto ao ministro uma política de valorização de assistência técnica nos Estados, em substituição à atual política de liberação de recursos para esse setor através de chamadas públicas anuais. Ele citou também a necessidade de aumentar a oferta dos insumos agrícolas para baratear os preços aos produtores.