A morte da jovem assassinada pelo ex-marido em São Mateus do Sul, no sudeste do Paraná, poderia ter sido evitada caso as medidas protetivas que Elza Ribeiro Micharski, de 22 anos, possuía contra ele tivessem sido cumpridas, segundo Igor José Ogar, advogado contratado pela família da vítima. Alisson Ferraz Barbosa, de 24 anos, está preso e confessou o crime. (Assista ao vídeo abaixo)

Após o fim do relacionamento de sete anos, Alisson, que não se conformava e queria reatar o casamento, começou a perseguir e a ameaçar a ex-mulher. Inúmeros boletins de ocorrência registraram agressões e ameaças até que uma medida protetiva foi imposta pela Justiça. No entanto, o homem nunca respeitou a ordem e, mesmo assim, permaneceu solto.

Boletins de ocorrência e medida protetiva

Conforme o advogado, que esteve presente no estúdio do Balanço Geral Curitiba nesta sexta-feira (10), Elza estava pedindo socorro, mas não foi atendida. “Entendo eu que a instituição do Ministério Público não tomou o dever de cuidar, de proteger uma pessoa que vinha tanto pedindo reiteradas vezes socorro contra o Alisson que era agressor contumaz. Temos exames, temos laudos, temos vídeos, temos uma quantidade robusta de provas como reiteração de fatos, de boletins de ocorrência, que levam a crer sem dúvida alguma que ela pedia socorro”, declarou Micharski.

O ex-marido descumpre a medida protetiva e vai até o supermercado onde a ex trabalhava.

O ex-marido descumpre a medida protetiva e vai até o supermercado onde a ex trabalhava. (Foto: Reprodução/Câmera de segurança)

“Em um dos boletins de ocorrência, ela diz que ele disse que praticaria contra ela o crime de feminicídio, já estava muito claro, as cartas já estavam todas na mesa. Infelizmente, não houve proteção nenhuma do estado em favor dessa vítima”, disse o delegado que fez questão de ressaltar que o ex-companheiro sempre deixou evidente que iria matá-la.

Morta pelo ex em São Mateus do Sul

Elza foi morta no domingo (5), depois que saiu do trabalho e parou na Praça do Olho, no centro da cidade, para encontrar com amigas e contar que havia acabado de ser promovida a gerente no supermercado em que trabalhava.

Parte de processo sobre as ameaças do ex-marido contra a jovem.

Parte de processo sobre as ameaças do ex-marido contra a jovem. (Foto: Reprodução/RICTV)

Segundo a Polícia Civil, Alisson havia seguido a ex e quando teve a oportunidade praticou o crime. “Ele colocou a barra dentro do carro, ele seguiu a vítima até o local, acompanhou a rotina dela. E friamente desferiu golpes no rosto da vítima, causando perda de tecido ósseo, perda dos dentes, e vindo atropelá-la diversas vezes”, disse o delegado responsável pelas investigações.

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Ex-marido confessa o crime

Na delegacia, Alisson confessou o crime e disse detalhadamente como agiu. “Acelerei o carro, parei o carro e já desci com a barra de ferro na mão. Daí, já dei uma na cabeça dela, ela caiu, eu dei mais umas duas, três. Aí, peguei o carro, passei por cima não sei se foi da cabeça dela e dei a ré, passei por cima de volta e fui embora”, disse friamente ao delegado.

Órgãos internos perfurados

Socorristas que atenderam a mulher afirmaram que não foram as pancadas na cabeça que tiraram sua vida, mas sim o atropelamento. Conforme eles, as rodas do carro passaram por cima do tronco de Elza, esmagaram o tórax e quebraram as costelas que, consequentemente, perfuraram órgãos internos.

O que diz o MP-PR

Em nota, o Ministério Público do Paraná (MP-PR), declarou que nunca se posicionou contra a “decretação de prisão preventiva do acusado” e que o arquivamento de notícia de descumprimento de medida protetiva pela Justiça foi feito pelo Juízo da Comarca de São Mateus do Sul. Leia na íntegra:

“Sobre o caso de feminicídio ocorrido em São Mateus do Sul no último domingo, 5 de maio, o Ministério Público do Paraná esclarece:

Não procede a informação de que o Ministério Público do Paraná posicionou-se contrariamente à decretação de prisão preventiva do acusado.

Em relação à vítima, havia medida protetiva vigente desde outubro de 2018, cuja prorrogação foi requerida pelo Ministério Público do Paraná em fevereiro deste ano e concedida pela Justiça. A prorrogação da medida foi requerida ao Juízo pela Promotoria de Justiça de São Mateus do Sul após a vítima assim solicitar.

Antes disso, em dezembro de 2018, houve arquivamento de notícia de descumprimento de medida protetiva pela Justiça. Tal decisão, no entanto, foi adotada diretamente pelo Juízo da Comarca de São Mateus do Sul, sem ter sido o processo previamente encaminhado para manifestação do Ministério Público”.

Assista à reportagem completa:

O Balanço Geral Curitiba contou todos os detalhes sobre o caso.

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10 maio 2019, às 00h00.
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