Além do empresário, suspeito de ser mandante, polícia prendeu o atirador e seu comparsa (Foto: Divulgação/Sesp)

Dono de postos de combustíveis chegou a ser preso na Operação Pane Seca suspeito de fraude

A Polícia Civil apresentou neste domingo (30), em entrevista coletiva, três homens suspeitos de envolvimento com a morte de Fabrizzio Machado da Silva – que presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis. Entre os detidos na operação desencadeada pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está o empresário Onildo Chaves de Cordova II, que é dono de quatro postos de gasolina em Curitiba e região metropolitana. Ele é apontado como o mandante do crime.

Além do empresário, foram presos Patrick Jurczyszin Leandro, de 30 anos, que seria o atirador, e ainda Ronei Dulciano Rodrigues, 25, que, segundo a investigação, foi quem ajudou Patrick a fugir após o crime. A prisão é temporária e válida por 30 dias, podendo ser transformada em preventiva.

Fabrízzio foi assassinado na noite do dia 23 de março, quando chegava de carro em casa, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba. O autor do crime bateu na traseira do carro do fiscal. Ao descer do veículo para saber o que tinha acontecido, Fabrízzio foi baleado na cabeça e não resistiu.

As diligências das equipes policiais da DHPP e denúncias anônimas mostraram que o executor chegou até a casa do fiscal depois de receber a foto, o endereço e o carro usado por Fabrízzio – modelo Honda Civic preto. Esses dados, ainda segundo a investigação, foram repassados por Onildo. 

Patrick teria recebido de forma adiantada R$ 5 mil e uma porção de cocaína para “fazer o serviço”. O dinheiro teria sido pago pessoalmente pelo empresário. Após o assassinato, a polícia suspeita que Patrick recebeu mais R$ 16 mil.

Os três responderão pelo crime de homicídio qualificado por emboscada e sem chance de defesa da vítima, com pena de 15 a 30 anos de detenção.

Operação Pane Seca

O empresário Onildo Chaves de Cordova II já havia sido preso pela Polícia Civil do Paraná. Dois dias depois da morte de Fabrízzio, o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep) deflagrou a “Operação Pane Seca” para prender duas quadrilhas que fraudavam a quantidade de combustível que saia das bombas dos postos de gasolina – gerando prejuízo aos motoristas e ganhos para as organizações criminosas.

Entre os presos pelo Diep estava Onildo Cordova II, dono de postos que praticavam a fraude. Ele ficou preso por cinco dias (prisão temporária) e até então não havia qualquer indício de participação do empresário na morte do fiscal.

A investigação do Diep, que resultou na Operação Pane Seca, teve início a partir de requisição da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, do Ministério Público do Paraná, que recebeu informações da Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC), da qual Fabrízzio era presidente. A ABCFC denunciou que alguns postos de combustíveis estariam fraudando a quantidade de combustível no momento do abastecimento.

Para a fraude funcionar, integrantes das quadrilhas instalavam dispositivos eletrônicos nas bombas, que interrompiam o fluxo de combustível efetivamente expelido, sem que houvesse interrupção na medição da quantidade de litros a ser paga pelo consumidor. Assim, a quantia de combustível de fato inserido nos tanques dos veículos de consumidores seria inferior à registrada nas bombas, fazendo com que os clientes pagassem valores a mais em cada abastecimento. 

Tais dispositivos, segundo consta, poderiam ser ativados remotamente, podendo os criminosos escolher o momento mais propício para seu acionamento – o que também dificultaria a atuação dos órgãos fiscalizadores.