Mulheres inovadoras empreendem movidas pelo propósito de transformar realidades
Uma das características mais marcante das mulheres é o olhar transformador. Essa inquietude pode ser motivada por uma necessidade pessoal, por empatia ou por fruto de uma indignação social. Sensíveis por natureza, as mulheres têm uma vocação natural não se contentar com as coisas como são. Por isso, muitas mulheres ocupam um lugar de destaque em iniciativas e negócios de visam causar impacto social.
Conheça agora a história das empreendedoras sociais Pâmela Basso, co-fundadora do clube de assinatura Oi Caixinha voltado para famílias com crianças atípicas, e Rafaella de Bona Gonçalves, designer de produto e criadora do Maria um absorvente interno biodegradável feito de fibra de banana que visa erradicar a pobreza menstrual no Brasil.
Pâmela Basso, co-fundadora da startup Oi Caixinha
Pâmela Basso é jornalista, especializada em marketing e tendências de consumo, e empreende há 12 anos com marketing digital e e-commerce. Além disso, é embaixadora do Movimento Mulheres no E-commerce no sul e atua como instrutora do programa Varejo Digital do Sebrae/PR. Em 2017, a mãe dos adolescentes João e o Pedro, de 18 e 15 anos respectivamente, foi surpreendida pelo diagnóstico de autismo do filho mais novo. “Desde o diagnóstico do Pedro busco maneiras de ajudar outros pais que passam pela mesma experiência. Foi então que conheci minhas sócias e pude unir toda a minha expertise em negócios digitais para co-fundar a Oi Caixinha”, conta Pâmela.
A startup criada por Pâmela e as sócias desenvolve metodologia, atividades e brinquedos que promovem a interação entre pais e filhos com síndrome de down e autismo. A Oi Caixinha é o primeiro clube de assinaturas do brincar, especializado em crianças com deficiência, do Brasil – país que tem mais de 3,5 milhões de famílias com crianças atípicas.
Sobre a Oi Caixinha
A Oi Caixinha é uma startup de negócio social curitibana que desenvolve metodologia, atividades e brincadeiras com o propósito de promover interação entre pais e filhos com deficiência por meio do brincar. A startup é fruto da união de três mulheres que têm como missão apoiar os milhões de pais de crianças com deficiência. Pâmela Basso é especialista em comunicação e mãe de um menino autista, a Paula Kopruszinski é psicóloga infantil especialista em autismo e a Géssica Conor é terapeuta ocupacional especialista em desenvolvimento infantil.
“Conversamos com dezenas de famílias de crianças atípicas e mais de 55% delas nos contaram que tem dificuldade de interação com seus filhos, principalmente por falta de conhecimento e apoio. Por isso a ideia de criar uma caixa de brincar que entrega na casa do assinante elementos lúdicos do universo infantil embasados em técnicas e metodologias (criadas por nossos terapeutas)”, explica a co-fundadora da Oi Caixinha.
Atividades que desenvolvem quatro áreas do desenvolvimento infantil
Todas as seleções de atividades, brincadeiras e brinquedos da Oi Caixinha são baseadas nas quatro áreas do desenvolvimento infantil: linguagem, motora, sensorial e musical. “Essas são as principais áreas deficitárias nas crianças com deficiência. A escolha do brinquedo de cada área é feita a partir da análise do que aquela brincadeira pode estimular. Além disso, gostamos muito de incluir brinquedos para que toda a família possa montar juntos, aumentando o tempo de interação também”, explica Pâmela.
De acordo com a empreendedora social, muitas vezes os pais atípicos não conseguem acessar suas crianças pois elas se fecham em seus universos particulares e com isso a interação lúdica não acontece. Muitas vezes essa troca de experiência e afeto entre pais e filhos nessas famílias atípicas é difícil e frustrante. Portanto, o maior foco da Oi Caixinha é promover a interação, por meio dessas brincadeiras que também estimulam áreas importantes para o desenvolvimento de crianças especiais.
“Notamos, que o que os pais mais desejam é construírem memórias afetivas que vão acompanhar os filhos por toda a vida. Por isso, acreditamos que o brincar promove uma conexão de afeto que reforça o laço de amor entre as famílias. E esse o amor muda o mundo”, finaliza a mãe do João e do Pedro.
Desde sua criação, à Oi Caixinha já chegou à centenas de famílias, impactando positivamente a vida das pessoas. Além disso, diversas ações e conteúdo de apoio e inclusão para milhares de famílias, profissionais de saúde e sociedade foram desenvolvidos pela startup.
Rafaella de Bona Gonçalves, designer de produto
A Rafaella de Bona Gonçalves trabalho com design de produto e tem amor por aprendizagem e pela excelência. Graduanda de Design de Produto na Universidade Federal do Paraná e formada técnica em Mecânica Industrial pelo Instituto Federal do Paraná, a jovem tem profundo interesse em design, principalmente quando ele tange assuntos como a inovação social, empreendedorismo e sustentabilidade. “Meu propósito é ajudar a contar a história de mulheres rua para mostrar seus pontos de vista e necessidades à sociedade. Pobreza menstrual refere-se a falta de acesso a produtos sanitários devido a restrições financeiras”, explica Rafaella.
“Para ter uma ideia, uma mulher passa, em média, 3.000 dias menstruada. Isso representa um gasto de 10 a 15 mil absorventes e essa é uma conta que os homens não precisam se preocupar, é um gasto da mulher. A pobreza e a miséria afeta até o ato de menstruar”, afirma. Imbuída da indignação pela falta de acesso das mulheres em situação de vulnerabilidade social à produtos de higiene e limpeza, Rafaella criou o Maria um absorvente que se adapta ao contexto extremo dessas mulheres. O produto criado pela jovem designer curitibana tem a resiliência necessária para que seja viável nas adversidades enfrentadas pelas mulheres de rua, de forma que seja prático, higiênico e universal.
Feito de fibra de banana, um material biodegradável que poderá ser descartado sem causar impacto ao meio ambiente, o Maria tem o objetivo de ser distribuído pelo governo. O absorvente interno poderá ser personalizado em diversos tamanhos, dependendo da necessidade e do fluxo de cada mulher. “Acredito que o acesso a produtos sanitários deve ser um direito de todas e não um privilégio, por isso criei o Maria. Para que todas as mulheres tenham acesso à condições de higiene e limpeza, independente de sua condição social”, defende Rafaella.
O projeto de produto criado por Rafaella conquistou um dos maiores prêmios de design do mundo, o prêmio Alemão iF Design Talent Award e ganhou muita visibilidade, abrindo os olhos das pessoas para o tema da pobreza menstrual. Ainda foi homenageado na Câmera Vereadores de Curitiba, apresentado em outros estados, como em São Paulo e em Santa Catarina, ganhou o prêmio Viver Curitiba e o prêmio Força Meninas. Além disso, resultou em um Tedx sobre Pobreza Menstrual, apresentado em Blumenau, em dezembro de 2019.