“Não façam justiça com as próprias mãos”, diz delegado que prendeu morador

Delegado explicou o motivo da prisão por tortura do morador que reagiu a um assalto em Curitiba (Reprodução)

Delegado explica o que levou morador que reagiu a assalto ser preso por tortura em Curitiba

O delegado Fábio Machado, responsável pela prisão do morador que reagiu a um assalto e foi acusado de tortura, falou com a RICTV sobre o caso no bairro Boqueirão, em Curitiba. “Eu não vou admitir tortura”, disse o delegado durante entrevista nos estúdios.

O esclarecimento sobre o caso polêmico também uma motivação especial. A filha do policial o questionou ao chegar em casa: “polícia prende a vítima e solta bandido?”. Veja!

Reação a assalto

Durante entrevista, Machado alertou para que a população tomem cuidado ao reagir a um assalto, para não cometer excessos pensando em legítima defesa. “Não façam justiças com as próprias mãos”, explicou. O delegado ainda disse que questionou o morador Silvano para saber sobre indícios no crime. “Qual indício que vc tem?”, questionou. Ao delegado, ele teria dito “só pode ser ele” pelo fato de ser morador de rua.

Silvano também confessou que chutou a cabeça dos suspeitos e amarrado um deles. “Ele não poderia ter torturado os rapazes”, explicou o delegado sobre o motivo da prisão. Já em relação aos atos de tortura, Machado foi enfático sobre a tolerância: “Nem da polícia, nem do cidadão, nem do bandido. Temos que investigar”, disse.

Ainda de acordo com o delegado Fábio Machado, é obrigação de lavrar o auto de prisão em flagrante ao tomar conhecimento de qualquer ato de tortura, sob pena de responder pelo mesmo crime se não tomar as providências.

Sobre o fato de os suspeitos serem liberados, o delegado disse que se houvesse os requisitos para a prisão ocorreria. “Nós temos que aplicar, sim, a lei nesse caso. Se tivesse motivo, indícios de autoria, teria prendido em flagrante”, garantiu.

Relembre a prisão

O homem que foi preso em flagrante por agredir duas pessoas que, supostamente, invadiram sua residência para pegar uma bicicleta, no bairro Hauer, em Curitiba, conversou na manhã desta sexta-feira (7) com a equipe da RICTV | Record TV. Silvano Rogério Weber foi solto depois de quase 12 horas algemado na cadeia.

Liberdade provisória

Na decisão, a juíza responsável explica que concede liberdade provisória a Silvano por ele ser acusado primário, não possui maus antecedentes e não apresentar “periculosidade concreta capaz de justificar a prisão preventiva”. No mesmo documento, ainda são aplicadas medidas cautelares que deverão ser seguidas por ele e que, no caso, de descumprimento, podem acarretar em uma nova detenção.

Ao ser solto, a magistrada implicou uma série de restrições a ele, como ter que se apresentar mensalmente a justiça, não poder viajar por mais de uma semana e estar em casa às 8 horas da noite todos os dias.

Desabafo de morador

Emocionado, ele conversou com a imprensa em frente a delegacia. “Eu acho que eu só fiz aquilo que qualquer cidadão brasileiro faria por sua família e se tivesse que fazer de novo, faria mais uma vez com certeza. […] Vi, persegui, abordei e aguardei a polícia. Só o equívoco que teve foi aqui na delegacia, que ao invés de deixar os bandidos presos, prenderam eu. Liberaram os bandidos e eu é que fiquei preso”, falou Silvano Rogério Weber, 35 anos.

Pelo telefone, ele contou à RICTV Curitiba | Record PR que ficou às 12 horas algemado pela mão e por um dos pés

7 dez 2018, às 00h00.
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