Planilhas foram apreendidas há cerca de um mês na 23ª fase da Operação Lava Jato (Foto: Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Entre as menções estão o governador do Paraná, Beto Richa, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet e a senadora Gleisi Hoffmann

Onze políticos paranaenses foram citados nas planilhas
apreendidas com o presidente de Infraestrutura da Construtora Odebrecht, Benedicto
Barbosa Silva Junior. A relação foi divulgada pela Polícia Federal (PF) na
manhã desta quarta-feira (23).
No entanto, no período da tarde, após perceber que alguns
dos envolvidos possuem foro privilegiado, o juiz federal Sérgio Moro levantou
sigilo sob o documento.

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Entre os nomes citados, está o governador do Paraná, Beto
Richa (PSDB), o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), o Secretário Estadual
de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior (PSC), o deputado federal
Luciano Ducci (PSB), a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o deputado federal Ricardo
Barros (PP), o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), o ex-ministro das
Comunicações Paulo Bernardo (PT), a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome Márcia Lopes (PT) e o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional
Jorge Sameck, que é filiado ao PT, porém não disputou cargos políticos nas
últimas eleições. No documento ainda é citado, de forma manuscrita, o nome “Lupion
– PSDB-PR”, porém ainda não se sabe se menção faz referência a Abelardo Lupion
ou Pedro Lupion.

O documento foi apreendido há cerca de um mês durante a 23ª
fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé. Os supostos valores recebidos aparecem ao lado dos nomes dos
políticos nas planilhas. O documento faz parte da investigação da força-tarefa. 

No despacho desta quarta, em que determina o sigilo da superplanilha da Odebrecht, Moro afirmou que é prematura a conclusão quanto à natureza dos pagamentos, ou seja, ainda não se sabe se os valores pagos seriam propinas. O juiz federal escreveu ainda que “não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos.”

Moro terminou dizendo “considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do Ministério Público Federal (MPF) para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado”.

Respostas
Em nota, o Diretório Estadual do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB-PR) informou que nem o diretório e nem a
campanha majoritária de 2010 do governador Beto Richa receberam doação da
empresa Odebrecht. A doação de R$ 160 mil recebida no dia 24 de setembro de
2010 pelo diretório foi efetuada pela empresa Leyroz de Caxias Indústria Comercial
& Logística Ltda. Segundo o partido, a quantia consta na prestação de
contas do referido ano que foi aprovada pela Justiça Eleitoral.

Já o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet , informou que nunca
recebeu, em nenhuma campanha política, dinheiro da Odebrecht. A nota diz ainda
que a administração municipal também não possui nenhum negócio com a referida
construtora na atual gestão.

Também por meio de nota, o deputado federal Luciano Ducci
afirmou que durante a campanha de reeleição, em 2012, não recebeu recursos da Construtora
Odebrechet. Todas as doações da campanha, segundo Ducci, estão com a origem
declarada na prestação de contas, seja pessoa física ou jurídica, aprovada pelo
Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Sobre os recursos recebidos do diretório do
PSB, em 2012, o deputado disse que não tinha controle sobre sua origem. Ducci
destacou ainda que a prefeitura da capital paranaense não mantinha contratos
com a Odebrechet.

O Secretário Estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho
Junior se manifestou por meio de nota e informou que todas as doações recebidas
nas suas campanhas, inclusive as oriundas do Diretório Nacional do PSC, foram
devidamente declaradas à Justiça Eleitoral e que estas prestações de contas
foram aprovadas pelo TRE-PR. O deputado licenciado disse ainda estar de
acordo e apoiar incondicionalmente as investigações da PFMPF e da Justiça. Ratinho
Junior afirmou ainda que espera que sejam julgados e punidos todos os partidos
e candidatos que, eventualmente, tenham recebido doações ilegais. 

O deputado federal Ricardo Barros informou, também por meio
de nota, que o valor de R$ 100 mil que consta na planilha como doação para a
campanha eleitoral do prefeito de Maringá Roberto Pupin, em 2012, não foi
recebido diretamente das empresas do grupo Odebrecht. O deputado falou ainda
que todas as doações foram legais e aprovadas na prestação de contas pela Justiça.
Barros afirmou ainda que está verificando nas prestações de contas se a suposta
doação foi realizada aos diretórios nacional e estadual do Partido
Progressista.

Por telefone, Márcia Lopes, que faz parte do conselho do
Instituto Lula, disse que estava no aeroporto a caminho da Argentina para uma
palestra. Márcia falou que, no momento, não tinha acesso a nenhum documento.
Ela afirmou que “a declaração das contas da campanha a prefeitura de
Londrina, em 2012, foram todas declaradas e aprovadas”.
Márcia não descartou que o dinheiro que aparece como doação da Odebrecht nas
planilhas possa ter sido doação para a campanha feita ao partido, porém ela
disse não saber detalhes.

Já o deputado federal Luiz Carlos Hauly não atendeu as
ligações. A secretária dele, em Brasília, informou que Hauly está em
trânsito para Londrina, na região norte do Paraná, e que só ele vai
responder sobre o assunto.

O diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, informou,
por meio de nota, que repudia o envolvimento de seu nome nas planilhas da
Construtora Odebrecht. Samek disse ainda achar estranho ter seu nome nesta
lista, já que está à frente da Itaipu Binacional desde 2003 e que não foi
candidato a prefeito de Foz do Iguaçu na última eleição, conforme consta na
lista.

Samek também anunciou que fará interpelação judicial do executivo da Odebrecht,
que seria responsável pela lista, e que tomará outras medidas judiciais e
extrajudiciais cabíveis. O diretor-geral da Itaipu falou que abre mão de seus
sigilos, fiscal e bancário, para provar a inveracidade da menção ao seu nome.

Por meio de nota, o casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernando disse
que os recursos citados nas planilhas devem ser referentes às doações para as
campanhas eleitorais municipais de 2012, que foram repassadas pelo Diretório
Nacional do PT ao Diretório Estadual e aos Diretórios Municipais. A assessoria
do casal afirmou ainda que o grupo Odebrecht fez doações via Diretório Nacional.