por Redação RIC.com.br
com reportagem de William Bittar da RIC Record RT, Curitiba

O pai de Ana Carolina de Souza Holz, de 16 anos, morta junto com mãe Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, pelo delegado Erik Busetti, de 45 anos, concedeu uma entrevista ao Balanço Geral Curitiba nesta segunda-feira (6). Luiz Eduardo Holz, que vive no Rio Grande do Sul, conta que não consegue se conformar com a morte da filha de uma forma tão brutal e prematura

“Parece que sempre é um filme ruim que vai terminar e que aquilo não é verdade. Mas aí, vou tomando conhecimento que isso não vai mudar. O tempo talvez amenize, mas essa ferida vai fechar tão fácil. Por que minha filha teve que falecer? Isso é o mais duro o que mais me dói. 

Ele conta que ficou sabendo do assassinato da filha por um familiar e entrou em estado de choque porque não conseguia entender o que estava acontecendo. 

“Quando a minha ex-cunhada me ligou dizendo ‘Eduardo você sabe o que aconteceu?’. Aí, eu disse não. E ela chorando muito no telefone disse ‘O Erik matou a Maritza e a Ana. Essa ficha não caia. Como assim eu vou lá para velar e enterrar a minha filha? Que história é essa? Que coisa que essa? Como é que foi? Eu não sabia nada. Não tinha ideia nenhuma”. 

Holz também explica que nunca imaginou que a ex-mulher ou a filha pudessem estar correndo algum perigo dentro da própria casa em que viviam. “Até então, para mim, eles tinha uma vida normal como qualquer casal e levavam as meninas para passear e clube. Se eu tivesse qualquer dúvida de que não fosse isso, eu teria tentando dizer ‘Olha, isso ai não vai dar certo’. É isso que está me corroendo”, desabafa. 

“Eu só espero a punição dele de maneira exemplar, que ele perca o cargo e comece a sofrer o que ele causou para nós todos e para a própria filha pequena. Ela era agarrada com a Ana, sempre Ana para cá, Ana para lá, e daqui a pouco ela perde a mãe, perde a irmã e pai preso. Que que esse cara fez com a vida dele e de todo mundo?”, finaliza Holz. 

Delegado mata esposa e enteada

O crime ocorreu na noite de 4 março na residência em que a família vivia, no bairro Atuba, em Curitiba. O delegado poupou apenas a filha que teve com Maritza, uma menina de apenas 8 anos de idade que também estava na casa quando tudo aconteceu. 

De acordo com a Polícia Civil, a criança ouviu os disparos de arma de fogo. “A gente viu que a discussão e o assassinato ocorreu no segundo andar, e a filha Eloiza estava no quarto que dá acesso ao segundo andar. Embora ela não tenha presenciado, visto o acontecimento, ela certamente ouviu os disparos, ouviu as brigas”, explicou a delegada Camila Cecconello, no dia da conclusão do inquérito. 

Segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML), Maritza foi morta com sete tiros e a filha Ana Carolina com seis. As duas foram encontradas mortas abraçadas

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Maritza e o delegado Erik Busetti estavam em processo de separação. (Foto: Montagem)

Maritza e o delegado estavam em processo de separação há cerca de um ano e embora dividissem o mesmo teto, já não eram mais um casal. Conforme familiares da vítima, eles esperavam apenas a venda do sobrado onde viviam para consumar o divórcio. 

Câmeras de segurança, do circuito interno da residência, registraram quase todos os detalhes do crime. Inclusive, o momento em que o delegado Erik agrediu a adolescente quando a menina abriu a porta do quarto porque o padrasto e a mãe estavam brigando

“É possível ver que no que a Ana Carolina abre a porta, o suspeito começa a discutir com Ana Carolina e acaba entrando no quarto da enteada e desferindo alguns chutes e tapas no corpo da Ana Carolina. Na sequência, ele sai do quarto e a Ana Carolina vai atrás pendurando-se no corpo dele, nesse momento, a Maritza que está chegando na porta pra ir embora, provavelmente, ouviu os barulhos e ela retorna. Assim que ele retorna, ela vê que está havendo essa desavença, ela vai ao encontro do suspeito e da vítima Ana Carolina. Ali naquele momento, as imagens não mostram porque ficam num ponto cego da câmera, em questão de dois, três segundos a gente já vê a arma sendo disparada e a Maritza e Ana Carolina já caindo abraçadas até atingir o solo”, conta a policial.  

Buseti foi denunciado por duplo feminicídio -por motivo torpe- com incidência de causa de aumento de pena, de um terço a metade da pena, por ter cometido o crime com a filha dentro da casa. Ele está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana da capital. 

A criança está sob a custódia dos pais do delegado em São Paulo. 

No dia 30 de março, a Justiça decretou sigilo absoluto nos autos do processo que apura o crime. 

6 abr 2020, às 00h00. Atualizado em: 1 jul 2020 às 14h49.
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