Manvailer é o único acusado pela morte de Tatiane Spitzner. (Foto: Reprodução/Facebook)

Nesta quinta-feira (13), foi realizada a segunda audiência de instrução sobre a morte da advogada Tatiane Spitzner

Nesta quinta-feira (13), foi realizada no Fórum de Guarapuava, nos Campos Gerais do Paraná, a segunda audiência de instrução sobre a morte da advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, ocorrida no dia 22 de julho deste ano. Entre os testemunhos, o de seu pai sensibilizou  os presentes pela emoção com que Jorge Spitzner lembrou como apoiou o seu ex-genro Luis Felipe Manvailer.

Manvailer assistiu de fora o depoimento do ex-sogro

Jorge e sua filha Luana Spitzner, irmã de Tatiane, foram os primeiros a serem ouvidos, ainda pela manhã e falaram por cerca de três horas. A família da vítima solicitou que Manvailer não estivesse presente na sala de audiência. Por isso, ele ficou em uma dependência ao lado, onde, por um vidro fumê, conseguia visualizar e ouvir o que o ex-sogro e a ex-cunhada relataram.  

Manvailer acompanhou o primeiro e o segundo dia de audiência de custódia. (Foto: Reprodução/RICTV)

Depoimento pai de Tatiane Spitzner

O pai da jovem chorou muito enquanto contou como ajudou Luis Felipe e que, inclusive, arrumou um emprego para ele como professor em uma universidade depois que o casal voltou da Alemanha em dezembro de 2016. Jorge chegou a pedir desculpas aos membros do Ministério Público,  aos quatro assistentes de acusação e aos advogados de defesa que estavam na sala por chorar copiosamente.

Entre suas declarações, ele afirmou que o comportamento do genro começou a mudar no início de 2018 e que Tatiane já havia manifestado o desejo de se separar por não aguentar mais. Jorge lembrou ainda que Luis Felipe humilhava e agredia a esposa verbalmente na frente de estranhos ou mesmo de familiares da jovem.

Sala onde foi realizada a audiência de custódia sobre a morte de Tatiane Spitzner. (Foto: Reprodução/RICTV)

“O depoimento do pai da Tatiane foi um depoimento muito emotivo, mas também nos trouxe vários elementos de informação a respeito de como era o relacionamento do casal. Com base nesses elementos também é possível descartar a hipótese do suicídio, aliado ao depoimento do médico prestado hoje a tarde. O médico que atendia a Tatiane, que também falou que durante todo o atendimento que ele prestou à vítima, ela não tinha nenhum sintoma depressivo. O que descarta, aliado com todos os depoimento prestados ontem e hoje, a hipótese de suicídio, que ela tenha se jogado. E, somente, confirma os fatos narrados na denúncia”, disse a promotora de justiça Dúnia Rampazzo.

Ainda conforme a promotora, o Ministério Público do Paraná não tem dúvidas sobre a autoria do crime. “Desde o oferecimento da denúncia até o momento, até esta fase de instrução não existem dúvidas de que houve a prática dos crimes imputados na peça acusatória e que houve a prática do feminicídio”, finalizou.

Depoimento da irmã de Tatiane Spitzner

Luana contou que passou a ter uma relação distante com o cunhado depois de uma visita aos dois na Alemanha. Na ocasião, ela teria presenciado Manvailer ser grosseiro e mal educado com a irmã

Luis Felipe Manvailer será interrogado em 2019

O único acusado pelo assassinato da ex-mulher, que também deveria ser ouvido nesta quinta (13), será interrogado apenas no próximo ano. Segundo responsáveis pelo caso, antes do jovem dar sua versão sobre o ocorrido ainda existem diligências a serem feitas como, por exemplo, a quebra do sigilo telefônico de Manvailer. Pois até hoje ele se nega a fornecer a senha do aparelho iPhone.

A defesa do acusado também afirma que seu depoimento não pode ser colhido, pois nesta quinta novos fatos teriam surgido e modificado alguns fatores. Conforme o advogado Adriano Bretas o principal fator é que o corpo de Tatiane teria saído do IML, ido para a funerária e, posteriormente, voltado para o IML, o que colocou as provas do Ministério Público em cheque.

“Isso precisa ser investigado porque isso foi varrido para debaixo do tapete, porque cargas d’água essa ida e vinda do corpo do IML para a funerária, da funerária para o IML não ficou devidamente registrado, devidamente consignado. Mais do que isso, a audiência de instrução e julgamento também deu conta de que Tatiane Spitzner fazia uso de medicamentos antidepressivos. Isso que foi a todo tempo pontuado pela defesa, desde o primeiro momento. Então, nós temos elementos novos, nós temos uma instrução que está revelando dados fáticos inéditos até então e que fazem com que a defesa tenha que apurar isso tudo, para que depois o Luis Felipe possa fazer o seu interrogatório. Lembrando que o interrogatório é um meio de autodefesa”, disse Bretas.

O casal
Tatiane Spitzner e Luis Felipe Manvailer (Foto: Reprodução/RICTV)

Tatiane, natural de Guarapuava, conheceu Luis Felipe durante uma viagem a Curitiba, em um jogo de rugby. Em aproximadamente três meses eles começaram a namorar e resolveram casar. Já casados, os dois seguiram para a Alemanha onde viveram por três anos e retornaram para Guarapuava no fim de 2016.  

Ela foi encontrada morta dentro do apartamento do casal por policiais, na madrugada de 22 de julho deste ano, por volta das 3h. Além disso, imagens da câmera de segurança do prédio mostraram que Manvailer havia levando o corpo de Tatiane de volta para o apartamento após ela cair do quarto andar do prédio. Ao atender o chamado, policiais encontraram manchas de sangue na calçada e nos corredores do edifício.

Manvailer também agrediu a esposa no elevador antes de sua morte 
(Foto: Reprodução/Câmeras de Segurança)

Luis Felipe Manvailer foi apontado como principal suspeito da morte da esposa, e virou réu por homicídio qualificado – com quatro agravantes, entre eles, feminicídio -, por fraude processual e por cárcere privado

Testemunhos colhidos pela Polícia Civil e que embasaram a acusação do MP-PR contra a Felipe, relatam que o casal vivia uma relação abusiva e que por inúmeras vezes Tatiane falou que gostaria de se separar do Manvailer.

Morta por asfixia

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Guarapuava comprovou que Tatiane Spitzner, foi morta por asfixia mecânica, provocada por esganadura e com sinais de crueldade. Conforme a denúncia do MP-PR, ele teria jogado a esposa do apartamento depois de esganá-la. 

Apenas no término da audiência de custódia é que a juíza Paola Mancini, responsável pelo caso, irá determinar se o réu vai ou não para júri popular.

*Com informações de Daniel Santos, repórter da RICTV Curitiba