Antonio Palocci na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR), em maio deste ano (Foto: Rodrigo Félix Leal, Futura Press, Estadão Conteúdo)

Ex-ministro defende que o partido firme um acordo de leniência com a Justiça

O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda no governos Lula e Casa Civil na gestão Dilma) pediu nesta terça-feira (26) sua desfiliação do PT (Partido dos Trabalhadores).

Em carta encaminhada à presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), Palocci critica o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defende que a sigla assine um acordo de leniência para revelar o que sabe a respeito da Operação Lava Jato.

Ao longo do texto, Palocci ataca Lula e questiona: “Até quando vamos acreditar na autoproclamação do ‘homem mais honesto do País’, enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do instituto são atribuídos a dona Marisa?”

A solicitação de Palocci para deixar o PT surge quatro dias após Palocci ser suspenso da sigla por 60 dias.

O ex-ministro disse, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato em primeira instância, que Lula tinha um “pacto de sangue” firmado com a empreiteira Odebrecht.

_

“Até quando vamos acreditar na autoproclamação do ‘homem mais honesto do País’, enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do instituto são atribuídos a dona Marisa?”
Antônio Palocci

_

No documento em que pede sua exoneração da legenda, o ex-ministro cita que tomou conhecimento do processo disciplinar pela imprensa e justifica que decidiu colaborar com a Justiça “por acreditar ser este o caminho mais correto a seguir”. Ele afirma que “chegou a hora da verdade”.

“Defendo o mesmo caminho ao PT. Há pouco mais de um ano tive a oportunidade de expressar essa opinião de maneira informal a Lula e Rui Falcão, então presidente do PT, que naquela oportunidade transmitia uma proposta apresentada por João Vaccari [ex-tesoureito da sigla], para que o PT buscasse um processo de leniência na Lava Jato”.

Palocci afirma ainda que se dedicou ao PT ao longo das últimas décadas e lembra que sua família “sempre aceitou, suportou e sofreu com isso”. “Agora decidi pela minha família”, ressalta.

O ex-ministro também destaca em sua carta de exoneração que teve a “honra e felicidade” de atuar nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. “Coordenei várias campanhas eleitorais, em vários níveis, e pude acompanhar de perto as minhas responsabilidades quanto a isso, mas lamento dizer que, nos acertos e nos erros, nos trabalhos honrados e nos piores atos de ilicitudes, nunca estive sozinho”, lembra.