O novo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura foi divulgado nesta sexta-feira (27). De acordo com a secretaria, houve uma reavaliação na quebra de safra da produção de verão (prejudicada pela estiagem do início do ano) e uma revisão na expectativa de produção do milho da segunda safra. O clima está favorecendo as culturas da segunda safra que estão em campo e as expectativas apontam para uma colheita maior do que se previa para o milho e feijão.
A estimativa anterior para a segunda safra de milho era de uma colheita de 9,56 milhões de toneladas. Com a reavaliação da área ocupada pela cultura, espera-se agora uma produção de 9,97 milhões de toneladas. Caso essa estimativa se concretize, será o maior volume de produção de milho de todos os tempos para esse período do ano.
Safra de verão – Em relação à safra de grãos de verão, o levantamento do Deral do mês de abril também revisou a quebra de safra de soja, que está em 24% na comparação com a safra do ano passado. Na previsão do mês passado, a produção estimada era de 10,71 milhões de toneladas, e agora se esperar encerrar a colheita da safra 11/12 com um volume de 10,76 milhões de toneladas de grãos colhidos (um aumento de 0,5%).
O milho cultivado na primeira safra também apresentou uma redução na expectativa de perdas. A quebra de safra que estava estimada em 17% caiu para 16%, devendo ser colhidas 6,4 milhões de toneladas.
Feijão – A primeira safra de feijão 11/12 já está fechada e o resultado refletiu a insatisfação dos produtores, considerando os preços praticados durante a comercialização da safra anterior. A área plantada foi 28% menor, caindo de 344 mil hectares ocupados na safra 10/11 para 249 mil hectares na safra atual. A queda na área plantada contribuiu com a redução na produção que caiu de 534 mil toneladas colhidas no ano passado para 353 mil toneladas este ano (uma redução de 34%).
Com a melhora nos preços, a área plantada com feijão na segunda safra avançou de 171 mil hectares no ano passado para 209 mil hectares neste ano. A expectativa de produção sobe de 278 mil toneladas colhidas no ano passado para 377 mil toneladas em igual período deste ano (um aumento de 21%).
Trigo – Como era esperado, a área plantada com trigo caiu de 872 mil hectares, conforme a previsão do mês passado, para 785 mil hectares. A previsão de produção é de 2,26 milhões de toneladas, se não houver alterações em função do clima daqui para frente. Em compensação, a área que não foi ocupada pelo trigo registrou o avanço do milho da segunda safra, que teve uma expansão de 17%, passando de 1,69 milhão de hectares ocupados no ano passado para 1,98 milhões de hectares neste ano.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, faz um alerta sobre a importância da manutenção do plantio de trigo no Paraná, para que os produtores tenham mais opções de culturas no inverno e garantam melhores resultados durante o ano. “Se o produtor paranaense abandonar o trigo, ficará dependente apenas da segunda safra de milho, o que pode não ser interessante em alguns momentos”, afirma.
Preço – “O prejuízo com a quebra da produção na safra paranaense de grãos neste ano está sendo compensada, em parte, pelo aumento nos preços pagos aos produtores”, diz o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni. Houve aumento nos preços da soja e do feijão. “O milho teve uma ligeira queda nos preços pagos aos produtores, mas está havendo um volume de produção que compensa com a elevação na renda”, explicou.
Os preços da soja pagos aos produtores reagiram no mês de abril. Segundo acompanhamento do Deral, conforme a cotação de 26 de abril, houve aumento de 10% em relação ao mês passado e de 33% em relação aos preços pagos aos produtores no mesmo período do ano anterior. A soja está cotada em R$ 54,50 a saca, embora produtores em Ponta Grossa estejam sendo remunerados em até R$ 61 a saca para entrega da produção nas indústrias da região. Há um mês, a média de preços pagos pela soja ao produtor era de R$ 49,50 a saca – há um ano, ele recebia R$ 40,96 a saca.
A comercialização da soja está sendo favorecida pela queda de produção do grão na América do Sul. As lavouras do Brasil e Argentina sofreram com a estiagem do início do ano e a oferta do grão reduziu, contribuindo para a queda nos estoques mundiais de soja. “Está ocorrendo o efeito gangorra. Ou seja, cai a produção, mas elevam-se os preços”, comentou Simioni.
O feijão foi o produto que mais proporcionou aumento de preço ao produtor. A saca do feijão de cor está sendo comercializada em torno de R$ 189,00, 22% acima do preço praticado há um mês, quando o produtor recebeu em média R$ 155,00 a saca pelo mesmo produto. Em relação ao ano passado, o feijão subiu 154% no preço pago ao produtor, que recebia em média R$ 74,41 a saca em abril de 2011.
O feijão preto também subiu de preço, embora num ritmo menor. O produto, comercializado atualmente em torno de R$ 90 a saca, está com preço 7% acima do que vinha sendo comercializado há um mês, quando foi vendido por R$ 84 a saca. Está 34% acima dos preços praticados há um ano, quando custava em torno de R$ 67,21 a saca.
O milho registrou ligeira queda nos preços, em função do aumento de preço. No entanto, o produtor está tranquilo com a elevação na renda. Atualmente, o milho está sendo comercializado em torno de R$ 21 a saca – 8% abaixo do mês passado, quando o produto foi vendido em torno de R$ 23 a saca. Em relação ao ano passado, o preço do milho pago ao produtor era de R$ 23,67. A redução nos preços é de 11,3%.
O preço atual do trigo pago aos produtores é de R$ 26 a saca no mês de abril, valor 5,3% acima dos preços pagos há um mês, quando estavam em R$ 24,70 a saca. Mas em relação aos preços praticados há um ano, houve uma queda de 2,8%. Em abril do ano passado, o trigo estava cotado em torno de R$ 26,76 a saca.