Paranaense ganha medalha em competição de matemática disputada em 80 países

por Caroline Maltaca
com supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 27 jul 2021, às 21h37. Atualizado às 21h38.

A estudante paranaense Maria Eduarda Stedile Antunes Ribeiro, de 17 anos, recebeu nesta terça-feira (27) uma medalha de honra no Concurso Canguru de Matemática – competição realizada em cerca de 80 países com mais de seis milhões de jovens. A jovem, que é de Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba, estudou a maior parte de sua vida em colégios públicos, entretanto, atualmente estuda em um colégio particular de Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba (RMC) por conseguir uma bolsa de estudos.

“Eu estudei até o meu nono ano em escola pública, e me mudei de colégio quando recebi uma bolsa que deixaria o pagamento dos meus estudos mais confortável para minha família”,

contou a paranaense.

Duda, assim conhecida pelos seus amigos, apesar de hoje reconhecida mundialmente, enfrentou muita dificuldade com a matemática básica. Entretanto, após criar o hábito de estudar todos os dias, conseguiu superar os desafios e representar o Brasil na competição de alto nível.

“Sempre tive dificuldade com matemática básica e há alguns anos resolvi me empenhar em aprender. Além das aulas, estudo todos os dias, faço resumos, assisto videoaulas e resolvo questões que baixo da internet, como de provas de concursos”,

disse a estudante.

Outras conquistas

Apesar de jovem, essa não é a primeira conquista de Maria Eduarda. Em 2017, a paranaense foi condecorada na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), quando ainda estudava no Colégio Estadual Irmã Ambrósia Sabatovich, em São José dos Pinhais, também na RMC.

“Foi uma surpresa, eu não esperava ser condecorada aquele ano, pois no ano anterior devido a greve dos professores minha escola ficou sem professor de matemática, então 2017 foi um ano bem corrido, de recuperação de conteúdo. Mas me motivou muito a continuar participando de olimpíadas e competições, no intuito de me provar a mim mesma”,

lembrou a paranaense.

Agora, a estudante se prepara para a próxima edição da OBMEP, que acontece em agosto. Será a última Olimpíada que Maria Eduarda participará antes de ingressar na faculdade. Segundo a jovem, para a competição nacional tem treinado principalmente seu raciocínio lógico.

“Será minha última competição olímpica em meio acadêmico, então estou bem animada, e um pouquinho nervosa. Eu venho estudando para a prova e foco bastante no raciocínio lógico, algo importante de se treinar para essas competições, e espero ir muito bem, quem sabe mais uma condecoração?”,

disse Maria Eduarda.

Engajada

Além da matemática, Maria Eduarda também atua como embaixadora do projeto Politize – uma sociedade civil sem fins lucrativos com a missão de formar uma geração de cidadãos conscientes e comprometidos com a democracia, levando educação política a qualquer pessoa, em qualquer lugar.

A jovem de 17 anos também é uma das fundadoras do projeto Studder, que atua em todo o Brasil compartilhando materiais para aprendizagem entre estudantes, com o objetivo de aprimorá-los e estimulá-los a se dedicarem a diversas disciplinas.

Ao ser questionada como organiza seu tempo para tanta dedicação, a estudante disse que manter uma rotina equilibrada é o segredo.

“Eu admito, eu tive ajuda para formular uma rotina. Sempre fui de fazer tudo no momento, e é impossível fazer tudo de uma vez sem se sobrecarregar. Eu levanto as 5 da manha para ir para a escola, e as tardes divido entre estudo e projetos, assim como tempo livre. É fundamental ter uma rotina bem equilibrada”.

Próximos passos

Após a OBMEP, Duda irá se concentrar na faculdade. A estudante já está concorrendo a bolsas de estudos em universidades norte-americanas e portuguesas para o curso de Arqueologia, com o qual sonha desde pequena.

“Eu sempre fui da área de humanas. As pessoas estranham quando eu digo que matemática não é o meu forte, e não é mesmo. Eu nunca dei muita atenção para a matéria, com exceção de 2017, pois não era uma área que me interessava. Quando eu descobri que precisaria de uma boa base matemática para a realização de provas no exterior, foi um surto, e eu finalmente comecei a estudar. Mas uma lição interessante que eu tirei dessa situação foi que não há nada que eu realmente não goste, só que eu não experimentei do jeito certo. Matemática é legal”,

disse Duda.

Após formada, Maria Eduarda pretende trazer para o Brasil todo o conhecimento adquirido fora do país, contribuindo para o resgate histórico e arqueológico da Amazônia.

“Após me formar, pretendo trabalhar com o resgate histórico das populações indígenas da Amazônia e América Latina, as quais me fascinam”,

finaliza a jovem.