A presidente criticou os vazamentos de delações. (Foto: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo)

A presidente destacou que é quase consenso entre os juristas que o pedido de prisão preventiva é insustentável

A presidente Dilma Rousseff fez duras críticas ao pedido de
prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e afirmou que a
ação do Ministério Público de São Paulo “passou de todos os limites”.

“O governo repudia em gênero, número e grau esse ato praticado contra
Lula”, afirmou Dilma, em coletiva de imprensa convocada para rechaçar
rumores de que ela poderia renunciar ao cargo por causa do agravamento da crise
política. “Não existe base nenhuma para este pedido. É um ato que
ultrapassa o bom senso, é um ato de injustiça”, completou. 

A presidente destacou que é quase consenso entre os juristas que o pedido de
prisão preventiva é insustentável e disse que é “preciso de mais
seriedade”. “É um absurdo que um país como o nosso assista calmamente
a um ato desses contra uma liderança política responsável por grandes
transformações no País, respeitado internacionalmente”, afirmou. 

A presidente afirmou ser preciso ampliar o diálogo, que o momento do País tem
que ser de “pacificação”. Ela insinuou que os promotores que o
fizeram estão tentando se promover e disse que o momento “chama o País a
mais diálogo, mais calma, menos turbulência”. “Nós acreditamos que
esse é um momento de diálogo, de pacificação, é um momento de calma e de
tranquilidade. Nós todos devemos isso ao País”, disse. 

A presidente criticou os vazamentos de delações e, sem citar nominalmente o
senador Delcídio Amaral (PT-MS), afirmou achar estranho que das supostas 400
páginas da delação só foram vazadas aquelas que diziam respeito a ela.
“Por que vazaram, de 400 páginas, só páginas que diziam respeito a mim? O
que parece, pelo assunto vazado, não devem ser muitas, por quê?”


Lula ministro

A presidente não respondeu se fez o convite a Lula para que ele assumisse
alguma pasta em seu governo
, mas disse que “teria orgulho” de ter o
ex-presidente em sua equipe. 

“Eu não costumo discutir como é que eu formo meu ministério. Eu teria o
maior orgulho de ter o presidente Lula no meu governo, porque o presidente Lula
é uma pessoa com experiência, é uma pessoa com grande capacidade de formulação
de políticas, e capacidade gerencial”, afirmou. “Agora, não vou
discutir aqui com vocês se o presidente Lula vai ser ou não vai ser, como é que
vai ser ou como é que não vai ser”, afirmou. 

Manifestações

Dilma afirmou que não teme confrontos nas manifestações marcadas para o próximo
domingo
contra o seu governo e que defende a democracia e o livre direito de
expressão. “Faço o apelo para que as pessoas não cometam atos de
violência”, afirmou. “Temos de manter vitórias da democracia, uma
delas é o direito de livre manifestação”, completou.