Significado de bunker: esconderijo subterrâneo com tudo o que alguém precisa para sobreviver
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A Polícia Federal encontrou na manhã desta terça-feira (5) um apartamento em Salvador, na Bahia, com milhares de notas de R$ 50 e R$ 100 armazenadas em malas e caixas de papelão. A PF classificou o local como suposto “bunker” (esconderijo) de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro de Michel Temer, para guardar dinheiro em espécie (veja mais imagens da apreensão).
A descoberta foi feita durante a Operação Tesouro Perdido, decorrente da Operação Cui Bono, deflagrada nesta manhã para cumprir mandados de busca e apreensão emitidos pela 10ª Vara Federal de Brasília.
Segundo a PF, após investigações decorrentes das últimas fases da Cui Bono, os agentes chegaram “a um endereço em Salvador que seria, supostamente, utilizado por Geddel Vieira Lima como ‘bunker’ para armazenar dinheiro em espécie”.
“Durante as buscas foi encontrada grande quantia de dinheiro em espécie. Os valores apreendidos serão transportados a um banco onde o montante será contabilizado e depositado em conta judicial”, esclareceu a PF em nota.
No despacho do juiz Vallisney de Souza Oliveira, assinado em 30 de agosto, ele informa que o imóvel não pertence a Geddel, mas a pessoas próximas dele, que autorizava o uso.
“Há fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e recursos realizadas na Caixa Econômica Federal, considerando que GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA é um dos envolvidos no referido esquema ilícito e estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos (fumus boni iuris), o que, em face das circunstâncias que envolvem os fatos investigados (vultosos valores, delitos de lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa e participação de agentes públicos influentes e poderosos), precisa ser apurado, com urgência, sob pena de tais elementos permanecerem desconhecidos/escondidos e/ou serem retirados/destruídos (periculum in mora), caso, realmente, digam respeito aos crimes mencionados acima”.
Investigação
Geddel Vieira Lima foi ministro da Secretaria de Governo de Temer até ser acusado, pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressioná-lo para liberar um empreendimento imobiliário na Bahia, onde Geddel tem um imóvel e que havia sido barrado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional), subordinado ao Ministério da Cultura. A área onde está o imóvel é tombada. Após o caso ser revelado, Geddel pediu demissão, ainda em novembro do ano passado.
Poucas semanas depois, Geddel se tornou um dos investigados na Operação Cui Bono, deflagrada no dia 13 de janeiro, que apura irregularidades cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, durante o período em que foi comandada pelo político baiano.
A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da Caixa Econômica a empresas que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto.
Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República.
Em 4 de julho, Geddel foi preso sob acusação do MPF (Ministério Público Federal) de estar tentando obstruir as investigações. Nove dias depois, o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) decretou prisão domiciliar a Geddel, mesmo sem a tornozeleira elotrônica
Além de Geddel, há outros quatro presos preventivos no âmbito das investigações da Operação Sépsis Cui Bono. Já estão detidos os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa Econômica Federal.
No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles, respondem à ação, Alexandre Margoto e Fábio Cleto.