O policial costuma estuprar suas vítimas na região do Zoológico. (Foto: Reprodução/RICTV)

A delegada Eliete Kovalhuk, da Delegacia da Mulher de Curitiba, concedeu uma coletiva de imprensa sobre as acusações contra o policial militar Peterson da Mota Cordeiro

Durante uma coletiva de imprensa, realizada no início da noite desta quinta-feira (2), a delegada Eliete Kovalhuk, da Delegacia da Mulher de Curitiba, informou que o policial militar Peterson da Mota Cordeiro, de 30 anos, estuprou inúmeras mulheres que conhecia por aplicativos de namoro, entre elas Renata Larissa dos Santos, de 22 anos, que ele abusou sexualmente e assassinou. 

Policial estuprador

Mesmo depois de matar Renata, ele continuou cometendo crimes, acreditando que ficaria impune. Uma nova vítima de estupro, que esteve na delegacia na quarta-feira (1º), contou que teve um encontro com Peterson uma semana depois do desaparecimento de Larissa e que na ocasião, ele aparentava muito nervosismo e demonstrou que seria capaz de matá-la.

Conforme a delegada, Peterson se apresentava como alguém gentil e procurava ganhar a confiança das vítimas pelas redes sociais para posteriormente cometer os estupros. “Ele é uma pessoa muito fria. Ele nega os crimes. Ele admite que houve as relações sexuais, mas diz que foram consentidas, numa relação de dominação dele sobre as mulheres”.

Nas investigações, a polícia descobriu que era modus operandi de Peterson filmar e fotografar os estupros cometidos. São tantas vítimas, que a polícia ainda está tentando identificar todas elas. “Ele obrigava as vítimas a falar o nome e a idade, então a gente já tinha ciência de que tinha uma vítima chamada Larissa com 22 anos. A partir disso, nós focamos nos sinais particulares como a tatuagem e durante o trabalho de campo verificamos que havia esse desaparecimento”, disse Eliete. 

Delegada Eliete Kovalhuk, da Delegacia da Mulher de Curitiba
Delegada Eliete Kovalhuk. (Foto: Dionei Santos)

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Renata Larissa e o policial militar

renata Larissa dos santos

Renata Larissa conhecia o PM desde 2017. (Foto: Reprodução/RICTV)

De acordo com a delegada, a polícia ligou o desaparecimento de Renata Larissa ao policial por acaso quando o computador e celular de Peterson foram periciados devido às acusações de estupro. Foi então que eles encontrados vídeos e fotos de Renata sendo abusada sexualmente. “Nós estamos investigando várias situações de estupro de fatos ocorridos em Curitiba, o Peterson da Mota Cordeiro que é o nosso principal suspeito de vários casos, ele já está preso por uma outra investigação que a gente já concluiu e nessa investigação houve a decretação da prisão temporária e do mandado de busca e apreensão dos aparelhos eletrônicos dele na residência. Foi a partir desses dados que descobrimos várias outras vítimas”, explicou.

Renata Larissa e Peterson se conheciam pelo menos desde 2017 e a irmã da vítima, Jociléia da Costa, garantiu que ele era conhecido pela família. Para a irmã, eles eram amigos e não teriam um relacionamento amoroso.

Localização do corpo de Renata Larissa

Ainda conforme Eliete o corpo de Renata Larissa foi encontrado após a polícia confrontar os dados de localização do celular do acusado com o os dados de localização da vítima. “Fizemos um mapeamento de todos os casos, a maioria deles cometidos na região do Zoológico, uma região que ele demonstrou conhecer muito bem e na sequência, a partir do desaparecimento da Larissa, em que a família informou que o último sinal de celular havia sido na região de São José dos Pinhais. A gente ligou as duas informações e chegou enfim ao corpo”, disse. 

Em entrevista concedida à RICTV Curitiba|Record PR na época do desaparecimento de Renata, Jociléia afirmou que o GPS do celular mostrou que Renata foi até uma farmácia e ficou cerca de duas horas no local. Na sequência, teria transitado pela Estrada da Ribeira, ido sentido a sua casa, depois mudado de direção e seguido no sentido do Zoológico de Curitiba, que fica no bairro Alto Boqueirão. “No zoológico ela permaneceu por um bom tempo. Depois saiu de lá e seguiu para a BR-116. Um pouco antes do pedágio, ela fez o retorno e nessa volta que acaba o sinal”, contou.  

Ainda de acordo com as investigações da Delegacia da Mulher de Curitiba, o estupro de Renata aconteceu na região do Zoológico, mas acredita-se que a intenção inicial não era matá-la, já que todas as outras vítimas não foram assassinadas. A delegada supõe que a jovem tenha oferecido algum tipo de resistência, que deixou Peterson nervoso a ponto de tomar tal atitude. No entanto, a versão ainda deverá ser confirmada já que durante o interrogatório do policial, na tarde de quarta-feira (1º), ele preferiu manter o silêncio.  

“O último vídeo da Larissa é dela nua, algemada, fora do carro e com as mãos para trás. Acredito que foi nesse momento em que houve a execução” disse Eliete Kovalhuk sobre arquivos encontrados nos aparelhos eletrônicos do acusado. A delegada confirmou também que na noite do assassinato de Larissa, foram gravados pelo menos três vídeos e tiradas várias fotografias da vítima.

Confirmação da identidade da vítima

O Instituto Médico Legal de Curitiba (IML) confirmou no fim da tarde desta quinta-feira (2) que o corpo encontrado na manhã de quarta (1º) às margens na BR-376, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, é de Renata Larissa desaparecida desde o dia 27 de maio em Colombo, também na região metropolitana da capital.

De acordo com Paulino Pastre, diretor do IML, o reconhecimento foi feito através das impressões digitais. “Foi necessário a remoção das regiões distais das mãos para a  reconstrução das impressões digitais para distender adequadamente os tecidos em face de que estavam esqueletizados. Aí, com esse procedimento nosso papiloscopista e equipe conseguiram posteriormente fazer o confronto e identificar a Renata Larissa como sendo aquela pessoa”, afirmou.

Ainda segundo Pastre não foi possível determinar a causa da morte da jovem devido ao avançado estado de decomposição em que o corpo foi encontrado. “Nós inclusive pesquisamos a possibilidade da existência de projéteis de arma de fogo e não foi encontrado nada. Havia um tecido na região cervical que estava com dois nós fortemente atados, mas devido também ao processo de decomposição naquela região cervical, nós não temos elementos para dizer se aquilo foi um instrumento ou meio utilizado para tanto”, explicou o diretor do IML sobre a impossibilidade de comprovar que ela tenha sido morta por estrangulamento.

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Desaparecimento de Renata

Na noite do desaparecimento, segundo familiares, a jovem estava na sala de casa – em Colombo – enquanto conversava por aplicativo com alguém quando teria dito “Não precisa entrar. Eu já estou saindo”. Foi então que ela saiu de casa dizendo que já voltava, embarcou em um veículo, que não pôde ser identificado, e desapareceu.

A irmã da vítima conta que após receber uma mensagem de áudio, Renata ficou visivelmente nervosa. “Ela ficou assustada com o áudio, ouviu umas duas vezes, ficou agitada, levantava do sofá, ia ao banheiro e voltava até que a pessoa chegou para conversar com ela”, contou à RICTV Curitiba.

Na madrugada de 28 de maio, aproximadamente à 1h, a mãe de Renata recebeu algumas mensagens suspeitas, via aplicativo de celular, o que fez com que a preocupação dos familiares aumentasse ainda mais. “Não tinha palavra, nada que desse para você entender o que estava escrito. Era um monte de letras sem formar palavras nenhuma”, conta Jociléia. “É como se alguém tentasse escrever alguma coisa muito rápido e não conseguiu”.

Acusações contra o policial

Peterson já foi indiciado por dois estupros, um terceiro caso de estupro está em andamento e a polícia espera somente o resultado dos exames genéticos, além do caso da Renata Larissa que é tratado como estupro seguido de homicídio qualificado, feminicídio e ocultação de cadáver.

A primeira vítima registrada do policial data de outubro de 2017. No entanto, a delegada acredita que outras vítimas deverão procurar a delegacia nos próximos dias enquanto a polícia, por seu lado, tenta identificar todas as mulheres que aparecem no vídeos e fotos do acusado.   

Veja a coletiva de imprensa realizada na Delegacia da mulher de Curitiba:

Os repórteres da RICTV Curitiba acompanharam todos os detalhes sobre o caso.

Assista à entrevista sobre as acusações feitas ao policial militar:

O Cidade Alerta Paraná conversou com a delegada Eliete Kovalhuk, da Delegacia da Mulher de Curitiba.

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