Os três PMs envolvidos com a morte do jornalista Andrei Gustavo Orsini Francisquini, de 35 anos, que ocorreu na Praça da Espanha, no batel, em Curitiba, foram afastados de suas funções para tratamento psicológico e médico. 

Não prestam depoimento

Os policiais compareceram na manhã desta quarta-feira (22), junto com advogados, na 2ª Companhia do 12º Batalhão de Polícia Militar, onde deveriam prestar depoimento para o Inquérito Policial Militar que foi instaurado. No entanto, segundo o advogado de defesa dos PMs Cláudio Dalledone Junior, o tenente responsável pelo caso decidiu esperar o fim do afastamento para só então colher os testemunhos.

Todo policial que participa de confronto costuma receber um afastamento psicológico de cinco dias. O qual pode ser aumentado conforme a necessidade. No caso dos policiais que estavam no suposto confronto, que resultou na morte de Andrei, foram solicitados mais 30 dias. “A autoridade policial militar que preside o presente feito achou por bem em respeitar esse afastamento protocolar. Eles estão afastados como todo e qualquer policial que se envolve em algum confronto. Não é nenhum tipo de antecipação de sanção, não é nenhum tipo de censura”, declarou Dalledone. 

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O advogado também defendeu a tese de que os policiais agiram em legítima defesa. “Ele tinha uma 9mm sim no colo e também tinha uma arma muito letal, que era o veículo. Ele utilizou o veículo de uma maneira letal, contra o equipe. […] Esse sujeito promoveu uma perigosa situação, colocando em risco a vida de terceiros e a vida da equipe policial”, disse. Conforme o boletim de ocorrência, lavrado pela PM, a arma foi encontrada no colo de Andrei, sem nenhuma munição deflagrada. Ela foi recolhida e encaminhada à Polícia Científica para perícia.

Defesa do jovem morto pela PM

A família de Andrei contesta a versão de que o jovem estava armado, na madrugada do dia 12 de maio, quando tudo aconteceu. Para Benedito Francisquini, o que aconteceu foi um erro policial. “Está mais do que comprovado que houve um desastre numa abordagem policial. Eu prefiro não acreditar que houve premeditação. O meu filho estava estacionado num certo ponto na Vicente Machado, não chegaram a abordá-lo. Não chegaram a falar com ele, já começaram a disparar. Agora, estranhamente, é que o boletim distribuído para a imprensa do Paraná não cite esse tiroteio ocorrido na Vicente Machado”, disse o pai do jornalista sobre as imagens que mostram os PMs atirando contra Andrei antes de chegar na Praça da Espanha. Situação omitida pelo B.O., conforme o documento, os tiros só teriam sido efetuados na praça. 

Na imagem dois policiais atiram contra o jornalista.

Na imagem dois policiais atiram contra o jornalista. (Foto: Reprodução/Câmera de segurança)

“Que enfrentamento se não deu nenhum tiro? A própria PM diz isso. Que enfrentamento que é esse? Eles deram três tiros certeiros no coração, no peito, do meu filho. Quando ele levou os outros tiros, ele já estava morto. Eu suspeito, inclusive, que na hora que ele retesou o corpo, ele acelerou o carro. Aí, tomaram como tentativa de passar por cima do policial”, alegou o pai que luta para esclarecer o que de fato aconteceu. 

Vídeo mostra policiais atirando contra jornalista em Curitiba; assista!

Motivação

Paulo Cristo, advogado contratado pela família da vítima, disse acreditar que a morte de Andrei tenha sido em decorrência de uma fuga da polícia que ocorreu há pouco mais de um mês. A própria PM divulgou que, no dia 30 de março deste ano, o mesmo veículo conduzido pelo jornalista já havia fugido de uma abordagem policial, “após o condutor ter sido visto efetuando disparos de arma de fogo em via pública”.

“Eu presumo o seguinte, que toda essa situação decorre do evento do dia 30 de março. O evento que o Andrei teria fugido da polícia em pleno centro e os policiais não conseguiram pegá-lo. Então, depois disso, certamente houve ali, a informação de que aquele veículo transitava na região e os policiais ficaram monitorando o aparecimento dele”, pontuou Cristo. 

22 maio 2019, às 00h00.
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