Bolsonaro ataca STF e diz que corte pode sofrer "o que não queremos"
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro, sem citar nominalmente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, cobrou nesta terça-feira (7) que o presidente da corte, Luiz Fux, enquadre o colega de tribunal e ameaçou que, se isso não ocorrer, o Poder Judiciário poderá sofrer aquilo que “nós não queremos”.
“Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população”, disse Bolsonaro em discurso a milhares de apoiadores feito de um carro de som na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste 7 de Setembro.
“Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe deste Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República”, emendou Bolsonaro.
Um trecho do discurso de Bolsonaro foi divulgado em seu perfil no Facebook. Não houve transmissão ao vivo.
Alexandre de Moraes é o ministro do STF responsável por conduzir investigações sensíveis contra o próprio presidente e aliados dele, tendo determinado prisões, buscas e apreensões e bloqueios de bens de pessoas e entidades que supostamente pretendiam realizar atos antidemocráticos no 7 de Setembro.
No discurso divulgado, Bolsonaro disse que não mais aceitará que “qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição”.
“Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer sentença que venha de fora das quatro linhas da Constituição”, afirmou.
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No fim do trecho divulgado, o presidente deu um ultimato: “Nós todos, aqui na Praça dos Três Poderes, juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, disse.
Em uma rede social, o ministro Alexandre de Moraes escreveu: “Nesse Sete de Setembro, comemoramos nossa Independência, que garantiu nossa Liberdade e que somente se fortalece com absoluto respeito a Democracia.”
O presidente vinha fazendo uma convocação para as manifestações do 7 de Setembro, quando se comemora o Dia da Independência, na busca de uma grande demonstração de força política e popular. Normalmente, há desfile militar no país, mas este ano esses atos foram suspensos por causa da pandemia de Covid-19.
Ao mesmo tempo que houve um grande esforço para chamar pessoas às manifestações a favor de Bolsonaro, grupos de oposição também programaram vários atos contra o presidente, entre eles em São Paulo e Brasília.
Antes de subir ao carro de som e fazer o discurso, o presidente participou de cerimônia de hasteamento da bandeira na Praça da Bandeira.
Por Ricardo Brito