Bolsonaro diz que Johnson pediu acordo emergencial de importação agrícola; embaixada nega
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu em conversa bilateral nesta semana um “acordo emergencial” para exportação pelo Brasil de mantimentos que estariam em falta na Inglaterra.
Bolsonaro disse na tradicional transmissão semanal ao vivo por redes sociais ter repassado a demanda à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
“Ele quer um acordo emergencial conosco para importar algum tipo de mantimento nosso que está em falta na Inglaterra. Então, a inflação veio para todo mundo depois do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’, e alguns países estão com falta de alimento. Essa batata eu já passei lá para a dona Tereza Cristina”, afirmou.
A embaixada britânica no Brasil contestou o relato de Bolsonaro, dizendo que a declaração do presidente não corresponde ao que diplomatas do país relatam sobre o ocorrido no encontro entre Bolsonaro e Johnson em Nova York esta semana.
Bolsonaro não informou a qual produto Johnson se referiu. Procurado a respeito, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato.
Um aumento no preço do gás natural forçou algumas fábricas de fertilizantes britânicas a fecharem nas últimas semanas, levando a uma escassez do CO2 usado para colocar gás em cervejas e refrigerantes e atordoar aves e porcos antes do abate.
O governo britânico, buscando evitar a escassez de carnes e aves, estendeu um apoio emergencial do Estado e alertou seus produtores de alimentos para se prepararem para um aumento de 400% nos preços do dióxido de carbono.
Ministros britânicos, incluindo o premiê Johnson, rejeitaram repetidamente as sugestões de que poderia haver escassez de comidas tradicionais de Natal, como peru assado, embora alguns fornecedores tenham feito alertas.
Bolsonaro afirmou ainda que na reunião com Johnson ocorrida em Nova York o premiê também teria pedido a liberação da entrada no Brasil de uísque do Reino Unido.
Durante o encontro, Bolsonaro ouviu do colega do Reino Unido a recomendação de que todos tomassem a vacina contra Covid-19 da AstraZeneca, desenvolvida em seu país. O presidente respondeu, no entanto, que ainda não havia se vacinado.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Antonhy BoadleEdição de Pedro Fonseca)