Dodge diz que Aécio tentou” embaraçar” a Lava Jato (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado/22.02.2017)

Senador é investigado por corrupção e obstrução de justiça pelo recebimento de R$ 2 milhões de Joesley Batista

*Do R7

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reforçou nesta terça-feira (27) o pedido feito ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que receba “integralmente” a denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). A manifestação foi feita em resposta aos argumentos da defesa do tucano.

Na ação, Aécio é investigado por corrupção e obstrução de justiça. A denúncia envolve a solicitação e obtenção, junto ao empresário Joesley Batista, de propina, no valor de R$ 2 milhões e por obstrução da Justiça, ao tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava Jato.

No documento, também são acusados a irmã do senador, Andréa Neves da Cunha, o primo dele Frederico Pacheco de Medeiros, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (MDB-MG).

A denúncia oferecida ainda pede a condenação de Aécio Neves por corrupção passiva e obstrução da Justiça, e dos outros acusados, por corrupção passiva. A PGR também quer que o senador e sua irmã devolvam à União o valor da propina.

“Embaraçar” a Lava Jato

Dodge afirma na solicitação que Aécio empregou “todos os seus esforços na tentativa de embaraçar as investigações da Lava Lato” com sua atuação na tentativa de aprovar o projeto de lei de abuso de autoridade e a anistia para crimes de caixa dois.

Ao comentar a alegação da defesa de Aécio, de que os R$ 2 milhões foram recebidos em um empréstimo lícito solicitado a Joesley Batista para a contratação de serviços advocatícios, Raquel Dodge destaca que “não existe nos autos qualquer prova de que tal empréstimo de fato tenha ocorrido”.

“O caráter de vantagem indevida dos valores solicitados por Aécio Neves e por Andréa Neves a Joesley Batista fica claro quando o senador afirma que a pessoa que iria receber as parcelas deveria ser alguém ‘que a gente mata ele antes de fazer delação’”, diz a procuradora.

De acordo com a denúncia, o dinheiro foi entregue “com utilização de artimanha para dissimular o seu recebimento”, o que também “demonstra a ilicitude da transação”.

Outro lado

Em nota, o advogado Alberto Zacharias Toron, que representa o senador Aécio Neves, afirma que o tucano “está convicto de que o STF promoverá a análise justa do caso, que demonstrará que ele e seus familiares não cometeram atos ilícitos”.

Na avaliação, o advogado diz que a manifestação da PGR “foge dos argumentos centrais da Defesa e se limita a repetir termos genéricos da denúncia, revelando a fragilidade da acusação”.

De acordo com Toron, “a própria PGR reconhece que nunca houve qualquer contrapartida por parte do senador Aécio Neves, evidenciando que não houve corrupção ou pedido de vantagem indevida”.

“A PGR reconhece também diversos desvios ocorridos nas heterodoxas negociações da delação envolvendo os executivos da JBS, inclusive a ilegal atuação de Marcelo Miller, quando ainda era Procurador da República e silencia-se sobre a participação de membros da instituição na reunião que precedeu a gravação feita pelo Sr. Joesley de uma conversa induzida e manipulada envolvendo o senador”, comenta o advogado.

Ao finalizar o texto, Toron comenta sobre a acusação de obstrução à Justiça e diz que a manifestação do MPF “escancara a tentativa de criminalização da lícita atividade parlamentar exercida pelo senador Aécio, omitindo que na votação da lei de abuso de autoridade o senador defendeu e votou a favor da proposta do Ministério Público, o que por si só desmente a acusação”.

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