O professor Marcelo Emílio, do Departamento de Geociências e diretor do Observatório Astronômico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), está entre os astrônomos brasileiros que colaboraram em estudo publicado na revista Nature sobre o planeta anão Makemake. A equipe liderada por José Luis Ortiz (Instituto de Astrofísica de Andalucia, CSIC, Espanha) combinou várias observações obtidas por três telescópios situados nos observatórios de La Silla e Paranal do ESO, no Chile – o Very Large Telescope (VLT), o New Technology Telescope (NTT) e o TRAPPIST (sigla do inglês para Transiting Planets and PlanetesImals Small Telescope) – com dados de outros telescópios menores situados na América do Sul, para olhar para Makemake à medida em que passava em frente a uma estrela distante.Conforme o professor Marcelo Emílio, desde que a União Astronômica Internacional em 2009 rebaixou o planeta Plutão e criou uma nova categoria de planetas anões, o interesse no estudo desses objetos aumentou. “Como os planetas anões estão muito distantes da Terra, a obtenção de medidas, com precisão, do tamanho e da atmosfera não é possível com imagens diretas. Usa-se então uma técnica chamada ocultação”, diz o professor.

A técnica, explica Marcelo Emílio, consiste em medir a sombra do planeta anão quando o objeto passa em frente a uma estrela. Como a precisão da posição não é conhecida, não se sabe onde a sombra tocará a Terra, e para garantir a medida, astrônomos espalham-se sobre vários pontos da superfície da Terra na tentativa de observar o fenômeno. “O método consiste, então, em observar a luz da estrela que é muito mais brilhante que o planeta anão. Isso torna possível que o telescópio de 40 cm do Observatório da UEPG possa observar esses fenômenos”.

No caso da observação do planeta Makemake, conforme Marcelo Emílio, as condições meteorológicas impediram a observação em Ponta Grossa e em vários lugares no Brasil, mas colaboradores no Chile e em Minas Gerais conseguiram registrar o fenômeno.

Em outras ocasiões, como a ocultação do candidato a planeta anão Quoar, em 4 de maio de 2011, o observatório da UEPG foi um dos poucos do mundo a registrar o fenômeno. Além de Makemake, o observatório da UEPG já participou da campanha para a observação do planeta anão Eris, publicado na revista Nature em 2011 e na observação da ocultação da lua de Plutão, Caronte, publicado na mesma revista em 2006. O observatório astronômico da UEPG tem trabalhado para aperfeiçoar a instrumentação astronômica para registrar fenômenos de ocultação com mais precisão. “Este é o caso da aquisição de um relógio GPS já em funcionamento e de uma nova câmera CCD de leitura rápida que está para chegar ainda esse ano”, revela Marcelo Emílio.

Makemake– Conforme reportagem publicada sobre o estudo no Observatório Europeu do Sul (https://www.eso.org/public/brazil/news/eso1246), o planeta Makemake tem cerca de dois terços do tamanho de Plutão e viaja em torno do Sol numa órbita distante, além de Plutão, mas mais próximo do Sol do que Éris, o planeta anão de maior massa conhecido no Sistema Solar (eso1142). Observações anteriores do gélido Makemake mostraram que este corpo é similar aos outros planetas anões, o que levou os astrônomos a pensarem que ele possuiria uma atmosfera semelhante à de Plutão. No entanto, este novo estudo mostra que, tal como Éris, Makemake não se encontra rodeado por uma atmosfera significativa.