Foto: Lula Marques/Agência PT

O anuncio do pronunciamento às vésperas da votação do processo de impeachment fez com que o partido Solidariedade entrasse na Justiça e questionasse o uso do expediente para fins pessoais

O pronunciamento em rede nacional da presidente Dilma
Rousseff, programado para às 20h20 desta sexta-feira (15) foi cancelado.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, o governo ainda vai avaliar se a fala da
presidente, que já foi gravada, ainda será exibida no sábado ou domingo, ou se
vai apenas ser divulgada nas redes sociais.

O anuncio do pronunciamento para esta sexta, às vésperas da
votação do processo de impeachment na Câmara, fez com que o partido Solidariedade
entrasse na Justiça para questionar se a presidente poderia usar o expediente
para fins pessoais.

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, esteve com
Dilma no Palácio do Planalto e alertou para o fato de que eles poderiam ter
problemas caso o pronunciamento fosse exibido. Apesar de defender que
ela tem a prerrogativa de fazer convocação de cadeia de rádio e TV, o governo
preferiu, neste momento, ser mais cauteloso para evitar qualquer tipo de
questionamento.

Também havia o temor, entre aliados da presidente, de que a
fala de Dilma causasse uma onda de panelaços e protestos, o que poderia criar
um efeito negativo e influenciar deputados indecisos a votar a favor do
impeachment no domingo (17).

No vídeo, a intenção da presidente seria de reafirmar o
discurso de que o impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. Ela também
atacaria indiretamente o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chamando-os novamente de
“conspiradores”.

A presidente também pediria no vídeo para que a
população conversasse com os parlamentares nas suas cidades e pedisse para que
eles votassem contra o seu afastamento, mantendo assim o “respeito à democracia”
e à “Constituição”.