Depois de três dias, as audiências do Caso Daniel são adiadas até abril. (Foto: Montagem/Ric Mais)

Nesta quarta-feira (20), a primeira fase das audiências de instrução do processo sobre a morte do jogador Daniel Corrêa foi encerrada; entenda!

Nesta quarta-feira (20), ocorreu o último dia da primeira fase das audiências de instrução do processo sobre a morte do jogador Daniel Corrêa, que acontecem no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Foram ouvidas 13 testemunhas desde segunda-feira (18). Ao todo, 77 pessoas foram arroladas entre a defesa e acusação. Serão ouvidas as testemunhas de acusação, de defesa e, por último, os réus.

As audiências serão retomadas no dia 1º abril. De acordo com Nilton Ribeiro, que defende a família de Daniel, a pausa foi determinada pela juíza Luciane Regina Martins de Paula e acontece para que os advogados possam ajustar suas agendas com as datas de audiências.

Na quarta-feira (21), o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) irá julgar um pedido de habeas corpus feito em favor de Allana Brittes. Caso a Justiça aceite, ela poderá responder à acusação em liberdade.

Primeiro dia de audiências

Chegada dos réus: Cristiana e Allana Brittes chegaram juntas do Fórum. Ambas estão presas na Penitenciária Feminina de Piraquara e vestiam o uniforme de detentas. Edison, Ygo, Daivid e Eduardo chegaram logo depois vindos da Casa de Custódia de São José dos Pinhais.

Atraso por falta de advogado: na segunda-feira, as audiências que estavam previstas para começar no início da tarde, atrasaram cerca de uma hora e meia porque dois dos réus – David Willian da Silva e Ygor King estavam sem advogado. Por isso, foi necessário que a Justiça nomeasse um advogado dativo para acompanhá-los.

Rodrigo Faucz Pereira e Silva, que representa os acusados, estava em Minas Gerais defendendo sua tese de doutorado. Ele chegou a solicitar o adiamento das audiências, mas o pedido não foi aceito.

Reencontro da família Brittes: Edisson Brittes reencontrou a filha Allana e a esposa Cristiana depois de quase quatro meses sem ter contato com a duas. Todos estão presos desde o início da novembro de 2018.

Edisson Brittes no Fórum de São José dos Pinhais. (Foto: Reprodução/RICTV)
Allana, à esquerda, Cristiana, no centro e Eduardo, à direita. (Foto: Reprodução/RICTV)

Depoimentos: três testemunhas sigilosas de acusação foram ouvidas no primeiro dia. Todas estavam na casa dos Brittes no dia do crime. Entre elas, o jovem considerado testemunha-chave e que afirmou ter sido ameaçado de morte devido as informações que teria dado à Justiça. 

A pedido das testemunhas, neste dia os acusados não acompanharam o processo na mesma sala, mas sim em uma sala ao lado, de onde podiam ouvir o que era dito.

Familiares de Daniel: Eliane Corrêa, mãe do jogador, chegou ao Fórum acompanhada de familiares e amigos. Visivelmente emocionada, afirmou que veio de Minas Gerais, onde vive, para representar o filho que não está mais aqui. “Porque eu sempre acompanhei meu filho em tudo, em todas as horas felizes da vida dele e agora, que fizeram isso com ele, não vou abandonar ele. Eu me preparei para esse momento com terapia, com médico, pra eu ‘tá’ aqui e ‘tá’ representando ele”, afirmou.

A MÃE DE DANIEL, NO CENTRO, ACOMPANHOU JUNTO COM FAMILIARES AS AUDIÊNCIAS. (FOTO: REPRODUÇÃO/RICTV)

Ela assistiu aos depoimentos em uma sala lateral e passou parte do tempo em uma capela que existe dentro do Fórum.

Segundo dia de audiências

Depoimentos: sete pessoas foram ouvidas na terça-feira (19), pela manhã, outras três testemunhas sigilosas prestaram depoimento e durante a tarde foi a vez da mãe de Daniel, a tia, a ex-namorada e amigos.

Mãe de Daniel: antes de prestar depoimento, Eliane afirmou à imprensa que não tem medido esforços para que a Justiça pela morte do filho seja feita. Foi a primeira vez que a mãe do jogador encontrou com os acusados, eles, inclusive, ouviram as palavras da mãe na mesma sala.

Durante o seu testemunho, ela contou sobre as trocas de mensagens para descobrir o paradeiro de Daniel e da ligação da família Brittes, na qual ofereçam ajuda e deram os pêsames a ela. Ainda segundo Eliane, a princípio, ela pensou que o filho havia sido vítima de um roubo seguido de morte. A mãe fez questão de falar sobre a personalidade do filho, sobre ele ser um pai atencioso e nunca ter se envolvido em brigas ou confusões.

Eliane também disse que as fotos tiradas pelo jogador ao lado de Cristiana foram uma brincadeira e não um caso de importunação sexual como afirma a defesa dos Brittes.

Cláudio Dalledone, advogado da família Brittes, fez perguntas sobre Daniel, citou algumas vezes que o jovem bateu o carro e fez indagações sobre a vida social do jogador. Eliane disse, após sair da sala de depoimentos, que foi bombardeada por Dalledone e que ele tentou denegrir a imagem da vítima.

“Todos mataram ele aos poucos; todos tem que pagar”, diz mãe de Daniel

Depoimento tia Daniel: Regina Assis, tia e madrinha de Daniel, foi ouvida depois da irmã e também falou na presença dos réus. A mulher contou que a família sabia que Daniel iria até Curitiba para participar da festa de aniversário da amiga porque ele havia ligado e avisado na noite anterior. A tia também falou que no dia em que ele foi morto, todos ficaram preocupados porque o celular do jovem não recebia as mensagens que elas mandavam. Foi então que ela e Eliana resolveram ligar para o amigo de Curitiba, onde Daniel estava hospedado, e descobriram que ele também não sabia sobre o paradeiro do jogador. Conforme contou, foi seu marido quem ligou para o IML após a família ter conhecimento de que um corpo com as características dele havia sido encontrado.

Ela também falou da troca de mensagens com Allana Brittes e de como a jovem foi solícita o tempo todo.

Regina também citou o dia em que a família recebeu o órgão sexual do jogador, que foi decepado e encontrado posteriormente, dentro de uma caixa do Instituto Médico Legal (IML) quase um mês depois do assassinato. E que, na ocasião, Daniel já havia sido sepultado. Essa situação, para ela foi o pior dia que já viveu.

Amigo de Daniel diz que foi beijado por Cristiana: uma das testemunhas foi Lucas Muner, amigo de Daniel, que havia hospedado o jogador em sua casa durante o fim de semana. Ele afirmou à juíza que foi beijado por Cristiana Brittes durante a festa de aniversário de Allana em uma casa noturna de Curitiba. À epoca, ele participou apenas da festa na casa noturna e não seguiu com os outros convidados para o after party.

A defesa dos Brittes negou veementemente o fato. “Evidentemente, que é algo plantado nesse momento para gerar um descrédito. Ele diz mais, as pessoas não têm nome, as pessoas não tem cor, as pessoas não tem nada. […] Ele está mentindo, isto é uma coisa plantada. Uma pessoa que ficou todo esse tempo ali junto e aparece só agora com essa versão. Foi ouvido, prestou compromisso de dizer a verdade na delegacia, foi perguntado no final do depoimento se não tinha mais nada a declarar”, declarou Dalledone à equipe da RICTV Curitiba| Record PR. O advogado também afirma que irá processar a testemunha. “Vai ser processado por isso. Vamos tomar medidas porque ele pode destruir uma família. Se estiver mentindo vai responder um processo criminal e também uma indenização porque Justiça não é brincadeira”.

Ainda em seu depoimento, o rapaz disse que a foto tirada pelo jogador ao lado de Cristiana e, em seguida compartilhada, pelo WhatsApp, a princípio, foi enviada por Daniel apenas para um amigo. Somente no outro dia, quando o jogador estava desaparecido, que esse amigo teria enviado a foto ao grupo do aplicativo de mensagens, pois suspeitou que o sumiço tivesse relação com a mulher na fotografia.

IMAGENS ENVIADAS PELO JOGADOR DANIEL. (FOTO: REPRODUÇÃO/RICTV)

Amigo de Daniel diz que foi beijado por Cristiana Brittes durante festa

Terceiro dia de audiências

Nesta quarta-feira (20), foram ouvidas as últimas testemunhas desta fase das audiências de instrução do processo. 

Advogado comparece: Rodrigo Faucz Pereira e Silva, advogado de Daivid e Ygor, compareceu no terceiro dia depoimentos e solicitou que todos os depoimentos fossem anulados devido a sua ausência. O pedido foi indeferido pela juíza.

Testemunhas: foram ouvidos dois investigadores e o delegado de São José dos Pinhais Amadeu Trevisan, que foi responsável pelo caso e pela denúncia feita ao Ministério Público do Paraná (MP-PR). Eles foram arrolados como testemunhas de acusação no processo e falaram por quase 8h.

O delegado foi o primeiro a falar, ele esclareceu à Justiça como foram feitas as investigações e porque não solicitou uma reconstituição do crime. “Não houve a necessidade porque para mim estava explicado o crime, pra mim a autoria, materialidade e circunstâncias do crime estavam explicadas […] O próprio Ministério Público também não pediu a reconstituição. E digo mais, nenhum advogado de defesa, de qualquer um deles, pediu a reconstituição”, disse Trevisan à imprensa. O delegado chegou a pedir silêncio para um dos réus que se manifestou durante a sua fala. 

Ele contou o passo a passo feito pela polícia para desvendar o crime. Disse que a pulseira da casa noturna que estava no braço de Daniel, quando encontraram o corpo, foi peça chave para desvendar o mistério. Logo, descobriram que antes de ser morto ele esteve em uma festa de aniversário, num camarote reservado. E a partir daí chegaram na família Brittes. Dalledone questionou as divergências entre as conclusões do delegado, e depois do promotor de justiça – que ofereceu a denúncia. Um dos pontos: Cristiana Brittes não foi indiciada – pelo delegado – pelo crime de homicídio. Mas depois, acabou denunciada pelo Ministério Público, que entendeu que ela teve responsabilidade na morte do jogador. 

Outro ponto discutido foi sobre a participação ou não de Eduardo Purkote, que chegou a ser preso e indiciado, mas não entrou na denúncia do Ministério Público. Evelyn Brisola, que também é ré no processo e responde em liberdade, foi igualmente lembrada. Ela foi acusada de falso testemunho e denunciação caluniosa, por ter falado de Purkote na delegacia.

Os investigadores também falaram sobre o trabalho no caso, um deles declarou que mais de uma pessoa matou o jogador e arrastou o corpo. Segundo ele, não tinha qualquer sinal de que Daniel havia sido arrastado. Ele disse ainda, que pela experiência profissional, acredita que o órgão sexual do jogador tenha sido cortado enquanto ele ainda estava vivo. No depoimento que prestou à polícia, Edison Brittes afirmou que fez tudo sozinho. O mesmo investigador também confirmou a informação de que Cristiana teria dado um beijo no amigo de Daniel. E informou à juíza que o rapaz teria relatado o fato na delegacia de forma informal, não em depoimento, na época do crime. 

Gritos de força para os Brittes: Cristiana Brittes, Allana Brittes e Edison Brittes, foram filmados enquanto sorriam e jogavam beijos aos amigos que estavam presentes no local. Segundo as próprias mulheres, algumas delas são amigas da família e testemunhas que estiveram na festa de aniversário de Allana na casa noturna em Curitiba.

Brittes acenam para amigos que estão no Fórum de São José dos Pinhais. (Foto: Reprodução/RICTV) 

Família Brittes joga beijos e faz sinal de força para ‘torcida’ no Fórum

Eliane Corrêa e Regina Assis no Balanço Geral: A mãe e a tia do jogador Daniel estiveram no programa Balanço Geral Curitiba e contaram tudo o que sentem em relação ao assassinato.

REGINA ASSIS E ELIANA CORRÊA NO BALANÇO GERAL DESTA QUARTA-FEIRA (20) (FOTO: REDAÇÃO/RIC MAIS)

“Eu não considero pessoas porque eu acho que pessoas não fazem isso, pessoas do bem. Então, eles são do lado do mal, eles têm DNA assassino. Eu não considero como pessoas, eu considero, sei lá, como monstros”, disse Eliane.

‘O Daniel pediu para não morrer naquela casa’, afirma tia do jogador

Acusados:

Edison Brittes (38 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor e coação no curso do processo;

Cristiana Brittes (35 anos):  homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;

Allana Brites (18 anos): coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor;

Eduardo da Silva (19 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;

Ygor King (19 anos):  homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;

David Willian da Silva (18 anos):  homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e denunciação caluniosa;

Evellyn Brisola (19 anos):  denunciação caluniosa, fraude processual, corrupção de menor e falso testemunho. Evellyn é única que não está presa.