“Foi uma execução em plena praça pública", diz advogado sobre morte de jornalista

Publicado em 14 maio 2019, às 00h00.

Paulo Cristo, advogado contratado pela família de Andrei Gustavo Orsini Francisquini, de 35 anos, suspeita que os policiais que participaram da ação que resultou na morte do jornalista na Praça da Espanha, em uma área nobre de Curitiba, faziam parte da mesma equipe que já havia perseguido a vítima em outra ocasião e que, por isso, a abordagem teria sido extremamente violenta.  “Eu acredito que foi uma execução em plena praça pública”, declarou Cristo durante entrevista.

Abordagem 30 de março

Foi a própria PM que divulgou que, no dia 30 de março deste ano, o mesmo veículo conduzido pelo jornalista já havia fugido de uma abordagem policial “após o condutor ter sido visto efetuando disparos de arma de fogo em via pública”.

Perseguição policial

O advogado apontou que ele acredita que o jovem tenha sido ‘conduzido’ até a praça, para então ser morto. “A forma como aconteceu a abordagem que resultou na morte do Andrei, é estranho, porque ele estava na Vicente Machado. Então, ele teve que percorrer algumas vias da cidade para ter chegado aqui [na Praça da Espanha]. E, segundo o boletim de ocorrência, aqui na praça já existia uma viatura fechando a Fernando Simas. Então, quer dizer, que ele foi conduzido de qualquer forma aqui para a praça”, declarou Cristo.

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Pontos apontados como duvidosos

Para Cristo alguns pontos importantes precisam ser esclarecidos como, por exemplo, porque os veículos de alta potência da Polícia Militar não alcançaram o Chevrolet Corsa 1.0 de Andrei em nenhum momento durante a perseguição. “Nós estamos falando de dois veículos que tem uma potência de motor muito grande, contra um veículo Corsa com o motor 1.0. Então, eles poderiam ter fechado o Andrei em qualquer via aqui da cidade, mas conseguiram trazer o Andrei até a praça”.

Na imagem, o carro do jornalista aparece entrando na Alameda Carlos de Carvalho.

Na imagem, o carro do jornalista aparece entrando na Alameda Carlos de Carvalho. (Foto: Reprodução/Câmera de segurança)

A família também não acredita que Andrei estivesse armado com uma pistola 9mm, conforme consta no boletim de ocorrência. Benedito Francisquini, pai do jovem, declarou que o filho sempre teve pavor de armas e que achava um absurdo as pessoas andarem armadas. “Nós queremos saber se tem impressão digital do Andrei nessa arma. Quais foram os policiais que manusearam essa arma. Essa é a nossa preocupação”, explicou o advogado que também fez questão de ressaltar que no boletim de ocorrência ficou registrado que nenhum tiro foi deflagrado pela vítima.

Morte do jornalista

O jornalista foi morto na madrugada do domingo (12) depois que desobedeceu uma ordem de parada da Polícia Militar na Avenida Vicente Machado. Segundo a PM, ele não parou o carro que dirigia e fugiu até a Praça da Espanha. O advogado informou que o ele foi atingido por pelo menos nove disparos de arma de fogo. A perícia constatou que o carro foi perfurado por 16 tiros.

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