“Eu nunca imaginava”, diz mãe de menina que pode ter sido morta pelo pai

Publicado em 24 maio 2019, às 00h00.

Jéssica Pires, mãe de Eduarda Shigematsu, de 11 anos, que pode ter sido morta pelo pai em Rolândia, no norte do Paraná, falou sobre o caso nesta sexta-feira (24), exatamente um mês após a filha desaparecer. Ela afirmou que não pensou em momento algum que o ex-marido Ricardo Seidi e a avó da criança Tereza de Jesus Guinaia pudessem estar envolvidos. Atualmente, os dois estão presos.  

“Eu nunca imaginava. A gente passou os dias procurando ela, o Ricardo, ele tava abatido e parecia que ele tava preocupado. A Tereza, ela tentava me culpar do sumiço da Eduarda, mas ela não demonstrava preocupação, parecia que naquele momento, o que ela queria era que todos pensassem que eu tinha sumido com a Eduarda”, declarou. (Assista entrevista completa abaixo)

Criança pode ter sido morta pelo pai

Eduarda desapareceu no dia 24 de abril. Quatro dias depois, 28 de abril, seu corpo foi encontrado enterrado nos fundos de uma casa que pertence ao seu pai. Em uma cova rasa, a criança estava com as mãos e pés amarrados e a cabeça envolta em um saco plástico.

O corpo de Eduarda Shigematsu foi encontrado enterrado em uma casa de seu próprio pai.

O corpo de Eduarda Shigematsu foi encontrado enterrado em uma casa de seu próprio pai. (Fotos: Arquivo Pessoal)

De acordo com a Polícia Civil, que teve acesso a câmeras de segurança instaladas na rua da casa em que o corpo da criança foi encontrado, Ricardo chegou com um carro preto por volta das 13h37 da quarta-feira (24) – dia em que a menina desapareceu – e permaneceu por aproximadamente 20 minutos.

Pai confessa ter enterrado a filha

Ricardo foi preso no mesmo dia e confessou à polícia ter enterrado o corpo da filha. Segundo sua versão, ele tomou a atitude depois de encontrar a menina enforcada dentro de seu próprio quarto.“O pai, bastante frio, disse que no dia dos fatos estava na residência quando encontrou ela enforcada no quarto dela”, explicou na época o delegado Ricardo Jorge, responsável pelo caso.

No dia 29 de abril, os resultados de exames feitos no Instituto Médico Legal (IML) apontaram que Eduarda morreu por esganadura.

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Avó é presa ao prestar depoimento

Já no dia 30 de abril, a avó de Eduarda foi presa após prestar depoimento. O delegado Bruno Rocha, que colheu o testemunho, afirmou que ela tentou ludibriar os policiais e já saberia da morte da neta quando registrou Boletim de Ocorrência sobre o desaparecimento. Tereza negou as acusações e ao saber de sua detenção chorou e chamou o filho de monstro.

Mãe de Eduarda Shigematsu

Jéssica contou que teve Eduarda com apenas 16 anos e que na época não tinha intenção de dar a guarda da filha para a avó e o pai, mas que não teve opção.“Quando eu me separei do Ricardo, a Terezinha sempre demonstrou que ela queria ficar com a Eduarda. Ela sempre demonstrou interesse. Ela fazia denúncias falsas no Conselho Tutelar e ela se aproveitou de um momento que eu tava passando por muitos problemas e eu era muito nova, não sabia para quem pedir ajuda, a quem recorrer e ela se aproveitou disso e entrou na Justiça”, declarou.

Eu nunca quis entregar a minha filha. Por mais que eu tava passando por momentos difíceis eu levava ela aonde eu fosse. Eu não cheguei nem a ser ouvida no processo de guarda. O juiz simplesmente concedeu a guarda para ela”, disse a mãe de Eduarda Shigematsu.

Ela também afirmou que iria tentar recuperar a guarda da menina assim que possível. “Eu falava para ela que ia esperar ela completar 12 anos, que ela ia ter voz ativa. Ela queria muito vir morar comigo. Tá sendo muito difícil para mim porque ela não merecia ir embora dessa forma. Só espero que a Justiça seja feita e que eles paguem pelo o que fizeram”, disse.

Relacionamento da criança com o pai e a avó

Segundo Jéssica, a menina sempre foi muito próxima da avó, mas não se pode dizer o mesmo da relação com o pai. “Ela tinha um bom relacionamento com a Terezinha, era o que ela me passava. O Ricardo ela nunca foi muito próxima, ela começou a conviver com ele depois que o avô morreu. Mas ela gostava de estar perto do pai, parecia que ela estava feliz. Ela falava que ele era bravo e que ele esperava ela chegar da escola no portão, mas que ele comprava as coisas que ela queria”, lembrou inconformada. 

Assista ao vídeo:  

Emocionada, Jéssica falou sobre a morte da filha.