Veja o que foi destaque no 1º dia do júri popular de Manvailer
Começou nesta terça-feira (4), o júri popular de Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa, a advogada Tatiane Spitzner, na madrugada de 22 de julho de 2018. O réu foi denunciado por feminicídio e fraude processual e está sendo julgado no Fórum da Comarca de Guarapuava, cidade onde o crime aconteceu.
A equipe do RIC Mais está acompanhando o júri e trouxe todos os detalhes do andamento dos interrogatórios das testemunhas do caso em tempo real. Confira quais foram os destaques deste primeiro dia de julgamento:
Sorteio dos jurados
No início da sessão, o plenário realizou o sorteio dos jurados para definir quem faria parte do júri. Durante o processo, ambas as partes, a Promotoria do Ministério Público do Paraná (a acusação) e os advogados de Luis Felipe Manvailer (a defesa), poderiam recusar três vezes os jurados sorteados.
Assim, a defesa recusou três pessoas, todas mulheres, e a acusação também recusou três pessoas, todos homens. No final do sorteio e das considerações das partes, foram definidos sete jurados, todos homens.
Apesar de se questionar a ausência de mulheres no corpo de jurados por se tratar de um caso de feminicídio, a acusação, representada pelo advogado da família de Tatiane e assistente de acusação da Promotoria, Gustavo Scandelari, afirmou que não é possível prever qual será o entendimento de cada jurado. “A tendência é que um júri mais diversificado consiga avaliar os casos sob pontos de vista mais variados, podendo, em teoria, produzir resultado mais democrático. Mas é impossível prever como pensa cada pessoa”, afirma.
Primeira testemunha
A primeira testemunha ouvida foi o delegado que, na época, investigou o caso, Bruno Miranda Maciozek. Primeiro, as testemunhas estão sendo interrogadas pela acusação e, na sequência, pela defesa.
Durante o interrogatório para a acusação, o delegado afirmou que haviam indícios de violência contra a mulher no caso, observados pelas imagens das câmeras de segurança e também pelos depoimentos de testemunhas para a polícia, que afirmaram terem ouvido Tatiane gritando e pedindo socorro.
O delegado também indica sinais de esganadura em fotos retiradas do corpo de Tatiane e trazidas pela acusação. A pedido da Promotoria, Maciozek simula como Tatiane teria sido esganada com o auxílio de uma das assistentes do Ministério Público. Ele afirma que não é comum que as vítimas usem esse tipo de golpe contra si mesmas.
Vídeos de imagens de câmeras de segurança são mostradas para o delegado. Ele afirma que as provas “mostraram e ainda mostram que o caso se trata de um homicídio”.
Na sequência, Maciozek foi interrogado pela defesa de Manvailer. Entre os tópicos abordados estava o questionamento de como o exame de simulação de queda foi realizado pela perícia, a presença de esmalte vermelho no corrimão da sacada do apartamento do casal e o trajeto do corpo de Tatiane após sua morte.
A defesa questiona a integridade do laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Guarapuava, já que o corpo de Tatiane teria sido periciado, enviado para a funerária – que começou o preparo de tanatopraxia no corpo – e encaminhado novamente para o IML logo depois, após solicitação de um funcionário do instituto.
Segunda testemunha
A segunda testemunha do caso se trata de uma médica, Camila Aguiar, que era vizinha do casal na época, moradora do apartamento ao lado de Tatiane. Como está morando em Curitiba no momento, a testemunha foi ouvida em carta precatória e foi interrogada via videoconferência.
Camila relatou que acordou com gritos de socorro de Tatiane na madrugada de 22 de julho de 2018. Ela ainda relatou que ouviu o barulho de porta batendo e um choro feminino, e foi até a janela do seu apartamento. De lá, observou Tatiane ir até a sacada, chorar debruçada no corrimão – com apenas os braços e a cabeça para o lado de fora da sacada, já que a sacada ficava na altura de seu peito – e voltar para dentro do apartamento.
Depois, a testemunha afirma que saiu da janela para ligar para a polícia e, minutos depois, após um silêncio, ouviu o barulho do corpo de Tatiane batendo no chão com a queda. O som, segundo a vizinha, foi semelhante a um tiro.
A acusação trouxe um trecho da entrevista exclusiva que Luis Felipe Manvailer concedeu ao repórter Roberto Cabrini, da Record TV, onde ele fala que ao ver a esposa se pendurando na sacada, grita o nome dela. A testemunha relata que, em nenhum momento, ouviu vozes masculinas naquela madrugada. Ela também afirma não ter ouvido gritos ou qualquer som enquanto Tatiane caia do quarto andar.
Segundo dia
O segundo dia do júri popular está marcado para começar às 8h30, no Fórum de Guarapuava. Mais testemunhas devem ser interrogadas nesta quarta-feira (5).