Vídeo mostra a prisão do médico em Guaratuba. (Foto: Reprodução/RICTV)

Pacientes ligaram para a polícia alegando que o médico se negou a realizar atendimentos; o profissional nega

O médico Rogério Perillo foi preso dentro de um pronto-socorro em Guaratuba, no litoral do Paraná, por desobediência, perturbação de ordem pública e resistência após se envolver em uma confusão com pacientes na tarde desta segunda-feira (4). Ele foi demitido nesta terça-feira (5), segundo a prefeitura municipal. (Assista abaixo)

Alex Antun, secretário de Saúde do município, informou que a polícia foi chamada por uma paciente que disse que o médico havia se negado a realizar os atendimentos. Perillo nega a acusação e afirma que está sem receber há dois meses. “Eu fiz três plantões em dezembro e eles me pagaram apenas três plantões. E janeiro e fevereiro? Eu estou há 60 dias sem receber. Quem vai pagar as minhas contas? É isso que eu estou reivindicando”, explicou o médico.

Depois de cerca de seis horas detido, o profissional foi liberado na noite de segunda e passou pela audiência de custódia na tarde desta terça-feira (5). O processo contra o médico foi arquivado por falta de indícios e a decisão foi comemorada pela defesa. 

Vídeo da prisão do médico

Em um vídeo gravado, pelo celular de uma testemunha, é possível ver o momento em que o médico é levado algemado pelos policiais militares. Nas imagens ele está visivelmente alterado e grita: “Me filma, 60 dias sem receber, colocando eu aqui preso, algemado, to algemado, socorro, socorro. Tô há 60 dias sem receber e tão fazendo isso comigo. Tão me levando preso.

Médico negou atendimento

Conforme Perillo, ele trabalhava no plantão do Hospital Municipal de Guaratuba quando resolveu ir até a recepção da unidade e explicou aos pacientes que estavam aguardando que iria atender somente casos de urgência e emergência e que o salário de parte do corpo médico estava atrasado há 60 dias.

O médico diz que não negou atendimento, ele explica que estava cuidando da transferência de uma criança que engoliu uma moeda há quatro dias. “Ela uma criança que engoliu um corpo estranho, uma moeda, há quatro dias atrás. Portanto, ela já tinha passado por quatro diferentes colegas, na verdade, cinco. Eu solicitei a enfermeira Mariana que a gente encaminhasse essa paciente ao Hospital Regional de Paranaguá, a mesma me colocou na linha com a equipe de enfermagem desse Hospital Regional de Paranaguá, que, infelizmente, naquele momento estava sem o serviço de endoscopia. […] Então, eu fiquei na minha sala aguardando dentro da minha sala, sem cometer omissão, imperícia ou negligência perante aos outros pacientes. Pois, quem chegava lá com dor de ouvido, com febre, com a reminiscência de agravamento desses sintomas ou risco de morte, eu atendi prontamente”.

Um segundo segundo vídeo, mostra a confusão na recepção do hospital, antes da prisão. Perillo discute com pacientes e funcionários e culpa a Prefeitura Municipal de Guaratuba pela falta de salário. Já os pacientes alegam que pagam seus impostos e não têm culpa da falta de repasses da administração municipal.

Posição da prefeitura

Segundo a prefeitura, Perillo é contratado pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (CISLIPA) e estava na cidade apenas para trabalhar durante a Operação Verão, o contrato venceria no dia 10 de março.

A Secretaria de Saúde afirmou que a prefeitura não tinha conhecimento do atraso de pagamentos, pois o dinheiro que vem do governo e é depositado na conta da prefeitura – para imediatamente ser transferido ao CISLIPA – já foi repassado antes do início da Operação Verão.

Após a prisão do médico, o CISLIPA afirmou ao secretário que a situação será resolvida. No entanto, a Prefeitura de Guaratuba também declarou que irá tomar medidas jurídicas contra o CISLIPA.

Posição da Polícia Militar

Em nota, o 9º Batalhão da Polícia Militar relatou que o médico resistiu a atuação dos policiais militares e, por isso, acabou sendo encaminhado à delegacia por desobediência, perturbação de ordem pública e resistência.

O portal RIC Mais solicitou uma posição ao advogado de defesa do médico, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Assista à reportagem completa:

Maurício Freire, repórter da RICTV Curitiba, conta todos os detalhes.