Duas vereadoras relataram terem sido agredidas por servidores; a repórter Helen Anacleto registrou a confusão em torno de dois vereadores que tentavam entrar na Câmara para votar ‘o pacotaço’
*Com informações da repórter Helen Anacleto, da RICTV Curitiba
Manifestantes contrários à votação do “pacotaço” proposto pela Prefeitura de Curitiba, Rafael Greca, realizam um bloqueio na entrada da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) nesta terça-feira (13). Eles barraram a entrada dos vereadores na casa legislativa com o objetivo de impedir que os quatro projetos de lei referentes ao “pacotaço” sejam votados.
Segundo nota da Câmara, duas vereadoras relataram terem sido agredidas pelos manifestantes: A vereadora Maria Letícia Fagundes (PV) foi agredida verbalmente e teve sua entrada impedida. “Fui agredida por baderneiros, não acredito que sejam professores. Quando se faz a violência, perde-se a democracia. Eles querem a ordem, mas eles também desrespeitam o direito das pessoas. Não fui agredida fisicamente porque o segurança da Câmara foi agredido no meu lugar”, disse.
“Quando estávamos vindo para cá eles nos acompanharam, os seguranças me ajudaram, [servidores] me empurraram contra a parede. Não há necessidade de tanta violência. A gente sabe que é um remédio amargo, mas necessário. É uma situação difícil para todo mundo”, informou a vereadora Maria Manfron (PP).
Dona Lourdes (PSB), de 89 anos, foi impedida de entrar. Segundo a assessoria dela, “teve seu direito de ir e vir cerceado. O Estatuto do Idoso garante a mobilidade, o que não houve. Os manifestantes impediram a entrada da vereadora, fato que a deixou extremamente triste porque ela nunca faltou a uma sessão”, disse. Dona Lourdes está no quarto mandato.
Por conta da ausência de alguns vereadores, o presidente da Casa, Serginho do Posto, suspendeu a sessão. O Comando da Polícia Militar sugeriu à casa legislativa o adiamento da votação.
Uma reunião ocorreu no meio da tarde entre vereadores , os sindicatos dos servidores, um representante do Ministério Público e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Os sindicatos pediram a retirada do regime de urgência, para negociar diretamente os termos do pacotaço com o Executivo e terminar com o manifesto. Os vereadores da base, junto com a mesa diretora, pediram meia hora para dar uma resposta aos manifestantes, mas, após mais de uma hora de espera, eles não obtiveram uma solução.
Os manifestantes invadiram o prédio e tentaram entrar no gabinete da presidência, aonde a reunião aconteceu. Segundo informações, os vereadores devem manter o regime de urgência e encaminhar pedido de adiamento da sessão para a próxima semana, para poder mandar as propostas dos manifestantes para o Executivo.
A repórter Helen Anacleto registrou a confusão no momento em que Tito Zeglin (PDT) e Sabino Picolo tentavam avançar sobre o bloqueio dos servidores. Eles foram escoltados por policiais militares sob muita gritaria. Assista abaixo:
Os temas, que devem ser votados, nesta terça, em regime de urgência no plenário são o adiatamento da data-base do funcionalismo municipal, leilão de dívidas municipais, previdência dos servidores e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Presença dos servidores
Em decisão anunciada durante reunião nessa segunda (12), a Comissão Executiva da Câmara Municipal de Curitiba limitou a 70% das galerias do Palácio Rio Branco, o acesso a servidores públicos municipais. Os 30% restantes serão destinados a outras entidades que manifestaram interesse em participar da sessão.
A Câmara afirma ter solicitado ao Corpo de Bombeiros um laudo que ateste a capcidade do Palácio Rio Branco, depois de pedidos dos sindicatos dos servidores municipais. O laudo apontou que a lotação máxima nas galerias do Plenário é de 28 pessoas. No Plenário, cabem 50, ou seja, 12 pessoas além dos 38 vereadores.
“Seguiremos o laudo do Corpo de Bombeiros, para que a capacidade física do local dê segurança a todos. Colocamos duas caixas de som fora do prédio para as pessoas que não conseguirem entrar e também teremos a transmissão ao vivo pelo nosso canal no YouTube, como todos os dias”, afirmou o presidente da casa, Serginho do Posto (PSDB).
Um bloqueio com grades de ferro foi montado em frente ao prédio, mas ele foi furado por servidores nas primeiras horas dessa terça.
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