por Daniela Borsuk
com informações do repórter Tiago Silva, da RIC Record TV Curitiba

Após ser detida tentando raptar um bebê recém-nascido do Hospital do Trabalhador, Talita Meireles, de 23 anos, deu depoimento para a Polícia Civil do Paraná na noite de segunda-feira (12) e, chorando muito, contou como entrou na unidade de saúde. A suspeita afirmou ainda que sofreu um aborto espontâneo recentemente e que não queria contar para a família sobre a perda.

No depoimento, a mulher afirma que se casou em agosto do ano passado e que, no final de janeiro deste ano, ficou grávida. A descoberta de que estava esperando um filho teria gerado muita expectativa na família. Talita disse que teve um aborto espontâneo no dia 27 de junho, mas que não contou para os pais e nem mesmo para o marido que, segundo ela, estava viajando à trabalho na época.

“Eu fui no postinho porque eu estava sentindo dores, aí eles me encaminharam para o hospital [onde ela teria descoberto que o bebê havia morrido no útero e fez uma raspagem]”. Ao ser perguntada sobre não ter ligado para que alguém a acompanhasse no procedimento, a mulher disse que “não tinha ninguém”. “Eu não queria contar que eu tinha perdido o meu filho”, relatou.

Nesta segunda-feira (12), a suspeita, que mora em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, foi até o Centro de Curitiba para pagar contas, passou no shopping e, de lá, foi até o Hospital do Trabalhador, onde entrou normalmente, pela porta principal do Pronto Atendimento. Ao ser questionada se não viu ninguém durante esse meio tempo, a mulher afirmou que era “sozinha”.

“Meu pai ficou com sequelas da Covid, ele está internado, minha mãe está com ele, eu não tenho ninguém perto de mim que eu possa contar”, disse Talita. No entanto, durante o depoimento que o marido da suspeita deu à polícia, ele afirmou que isso era mentira, que o pai da esposa não estava internado e sim em casa, juntamente com a mãe da jovem.

“Eu não sei o que deu na minha cabeça para entrar no hospital, eu entrei, aí comecei a olhar os nenês, começou a me dar um negócio na cabeça. Eu não sei porque eu fiz isso. Eu entrei no vestiário e tinha uma roupa jogada em cima do armário, aí eu peguei e coloquei. Daí eu não sei o que aconteceu comigo, eu fui olhar as crianças, eu comecei a olhar, aí eu queria pegar o nenê no colo e quando eu vi, já aconteceu. Eu não queria fazer nenhuma maldade, não queria causar nada”.

relatou a mulher.

O delegado que estava ouvindo a suspeita ainda perguntou para Talita o que ela faria ao chegar com o bebê raptado em casa. A mulher argumentou que iria contar que o filho que esperava havia nascido. “Eu ia dizer que nasceu, uma coisa assim. Eu não sei, na verdade. Eu só fiquei muito desesperada. Eu não sei o que passou na minha cabeça de fazer esse negócio”, explicou a jovem.

Mesmo afirmando que não tinha planejado raptar uma criança, a mulher levava na bolsa pelo menos cinco conjuntos de roupinhas de bebê e uma mamadeira. Sobre isso, a suspeita disse que “sempre levava” na bolsa as coisas da criança e que, em casa, estava com a bolsa completa da maternidade. ,

O marido de Talita contou para a polícia que a jovem nunca fez nada de errado e ficou muito surpreso ao saber do crime. “Ela nunca fez nada de errado na vida dela, ela nunca bebeu, nunca fumou, nunca usou drogas, viveu a vida inteira dentro da igreja, os pais dela são cristãos desde sempre, eu realmente não consigo entender porque isso aconteceu”, desabafou ele.

Vejo o vídeo do depoimento de Talita:

O rapto

A mulher foi barrada na noite de segunda-feira (12) enquanto tentava sair do Hospital do Trabalhador com o bebê recém-nascido, filho de uma mulher que estava internada, no colo. Um segurança estranhou o fato de Talita estar sem a pulseira de internação da unidade e impediu que ela saísse com a criança.

Talita teria vestido uma roupa de enfermeira, ido até o quarto de uma mulher que estava com o filho recém-nascido e dito que levaria o bebê para fazer exames. Sem suspeitar da real intenção da jovem, a mãe liberou a criança.

Em nota, o Hospital do Trabalhador informou que essa foi a primeira vez, em 27 anos de funcionamento, que a unidade registrou esse tipo de situação. Ainda, a instituição destacou que o crime foi impedido devido aos protocolos de segurança da unidade.

Veja a nota na íntegra:

Em 12/07/2021 perto das 18h00min, foi identificado pela segurança do Hospital, no controle do acesso da maternidade, uma mulher com um bebê de colo tentando sair da edificação sem autorização. Conforme protocolo de conferência de documentos e pulseiras de identificação da mãe e do bebê, neste caso não havia a pulseira na suposta mãe e sim apenas na criança. Imediatamente a mulher foi indagada sobre a falta da pulseira e solicitado seus documentos, os quais não foram apresentados. Na sequência esta mulher passou a fornecer várias versões sobre o motivo de sua presença no Hospital, sendo que nenhuma se mostrou verdadeira. Neste momento, o serviço de segurança do Hospital, comunicou a autoridade policial para conduzir a mulher à delegacia e prontamente devolvida a criança a sua verdadeira mãe. Reiteramos que os procedimentos de segurança adotados no Hospital foram efetivos, bloqueando a tentativa deste crime. Importante registrar que a Maternidade do Hospital do Trabalhador possui 27 anos de funcionamento sem nenhuma ocorrência desta natureza, demonstrando a qualidade dos seus protocolos de segurança.

13 jul 2021, às 13h05. Atualizado às 14h31.
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