Vereadores aumentam 60% do salário em cidade que vai perder mil empregos no Paraná

Publicado em 29 jan 2020, às 00h00.

Apenas duas semanas depois da Petrobras anunciar o fim das operações da Araucária Nitrogenados S.A. e o desligamento de mil funcionários (396 diretos e mais de 600 terceirizados), a Câmara Municipal de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, derrubou o veto do prefeito Hissam Hussein Dehaini (Cidadania), que impedia um aumento de 60% no salários dos vereadores.

O veto foi derrubado em uma sessão extraordinária realizada na tarde desta quarta-feira (29), durante o recesso parlamentar, por sete votos a três. Em 2021, o salário passará de R$ 5.992 para R$ 9.584,45. A Câmara de Vereadores de Araucária só retoma os trabalhos em fevereiro.

Em 2020, o reajuste do salário mínimo foi de 4,1%. 

O aumento do próprio salário foi aprovado pelos vereadores em dezembro de 2019, mas foi vetado uma semana depois pelo prefeito. Na ocasião, o prefeito justificou que os vereadores “não apresentaram motivos que justifiquem aumento tão considerável e fora dos padrões da iniciativa privada e da Administração Pública”.

Os vereadores dizem que estão há 12 anos ganhando o mesmo valor. Como justificativa, a presidente da Câmara de Araucária, Amanda Nassar (PMN), diz que o novo salário vai atrair candidatos mais capacitados nas próximas eleições.

Mobilização

No início do ano, sete entidades, entre elas a OAB local, a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária da cidade e o Observatório Social de Araucária assinaram um manifesto de repúdio contra o aumento.

“Em tempos de crise econômica, onde o País luta pelo fim dos privilégios, modernização da administração pública, racionalidade na destinação dos recursos orçamentários e redução de gastos públicos, a atitude dos vereadores revela total descaso para com os anseios da sociedade e despreocupação com a moralidade administrativa, um dos princípios consagrados pela Constituição Federal”, afirma o manifesto.

Em nota, a Prefeitura de Araucária afirma que “respeita a autonomia da Câmara Municipal quanto à decisão de derrubar o veto do prefeito que impedia o aumento de salário dos vereadores para a próxima legislatura. A Prefeitura lembra que a derrubada de veto é uma prerrogativa do poder legislativo tanto quanto é do poder executivo a prerrogativa de vetar uma proposta que julgar não conveniente ao interesse público”.