Anticorpos contra o coronavírus duram ao menos três meses, segundo estudos

por Renata Nicolli Nasrala
com informações do R7
Publicado em 9 out 2020, às 14h31.

Os anticorpos contra o coronavírus em pessoas já infectadas continuam presentes no sangue e na saliva destes indivíduos por pelo menos três meses. O apontamento foi feito por dois estudos publicados na quinta-feira (8) pela revista Science.

Ainda conforme as pesquisas, alguns estudiosos acreditam que os anticorpos contra o coronavírus podem continuar protegendo os organismos por até seis meses.

Anticorpos contra o coronavírus: imunoglobulinas G (IgG) são os anticorpos de maior duração

Ambos os estudos publicados na quinta-feira (8) concluíram que as imunoglobulinas G (IgG) são os anticorpos de maior duração e que podem ser detectados no sangue e na saliva dos pacientes por pelo menos três meses, o que faz com que sejam índices promissores para a detecção e avaliação das respostas imunológicas à Covid-19.

Um dos estudos, conduzido pela imunologista Anita Iyer, da Universidade de Boston (EUA), analisou 343 pacientes americanos com Covid-19 (93% dos quais tiveram que ser internados pela doença), durante um máximo de 122 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, e comparou seus níveis de anticorpos com os encontrados em amostras de sangue de 1.548 pessoas coletadas antes da pandemia.

Os resultados obtidos apontaram que as imunoglobulinas M (IgM) e A (IgA) permaneciam ativas por um curto período, se equiparando a níveis de concentração insignificantes 49 e 71 dias, respectivamente, após os primeiros sintomas.

Por outro lado, o número de imunoglobulinas G contra a proteína Spike do coronavírus, recurso que o vírus usa para invadir as células humanas, apresentou uma queda lenta durante um período de 90 dias, e apenas três dos voluntários que participaram do estudo zeraram os níveis de IgG dentro deste prazo.

A outra pesquisa, liderada pela imunologista Baweleta Isho, da Universidade de Toronto, que analisou amostras de sangue de 739 pessoas e a saliva de 247, entre infectadas e saudáveis, e constatou que os níveis de IgG permaneciam “relativamente estáveis” durante um período de 115 dias após a aparição dos primeiros sintomas, apesar de apresentarem uma “queda brusca nos últimos 10 dias deste intervalo de tempo”, o que “reflete” as reduções de IgA e IgM.

Os dados mostraram ainda que picos de IgG se produziam entre o 16º e o 30º dia, tanto no sangue como na saliva dos pacientes contaminados.

De acordo com Jennifer Gommerman, coautora deste artigo científico e professora da Universidade de Toronto, o estudo conduzido no Canadá mostra que “os anticorpos IgG contra a proteína Spike do vírus são relativamente duradouros tanto no sangue como na saliva”.

Este é o primeiro estudo que, segundo Gommerman, comprova que os anticorpos podem ser encontrados na saliva em níveis que correspondem diretamente aos detectados no sangue, o que poderia facilitar a coleta de amostras para a realização de testes de IgG feitos atualmente apenas com o plasma sanguíneo.