Aumento no consumo de álcool durante a quarentena é preocupante

por Renata Nicolli Nasrala
com informações da Agência Brasil
Publicado em 21 abr 2020, às 00h00.

O aumento no consumo de álcool durante a quarentena tem se tornado cada vez mais preocupante para os especialistas.

De acordo com Renata Brasil Araújo, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), inicialmente a bebida parece trazer euforia, mas o que ela faz é diminuir a ativação do freio do cérebro, chamado de lobo pré-frontal.

Consumo de álcool na quarentena: veja os efeitos e as preocupações dos especialistas

Ainda conforme Renata, as pessoas ficam com efeitos de mais sedação, e a impulsividade também pode aumentar.

“Como essa parte do freio do cérebro não está funcionando muito bem, a pessoa fica mais impulsiva, mais intolerante. Se houver intervenção de alguém da família no sentido de parar de beber, isso por si só já gera um descontentamento e uma reação”, advertiu a presidente da Abead.

alcoolismo

Álcool não protege contra a Covid-19

Também demonstrando preocupação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se manifestou em relação ao aumento do consumo de álcool durante a quarentena.

“O álcool não protege contra a covid-19, o acesso deve ser restrito durante o confinamento” é o título de um artigo que a entidade publicou em seu endereço oficial na internet.

Seguindo essa frente, o psiquiatra Jorge Jaber ressaltou que o consumo fora do controle de bebida alcoólica gera enfraquecimento na defesa do corpo, no sistema imunológico, favorecendo assim a contaminação de doenças, como é o caso da covid-19.

Além disso, segundo Renata, algumas pessoas que aumentaram o consumo da bebida durante a reclusão podem manter esse hábito pós-quarentena e, a longo prazo, isso pode vir a se transformar em uma dependência.

Atendimento on-line

Recentemente, a Abead lançou a campanha #sejaluz para mostrar coisas positivas na internet, como os botecos virtuais, e orientação a respeito dos cuidados não apenas com o álcool, mas com o tabaco e outras drogas nessa fase de quarentena.

Em outra frente, a Abead montou um trabalho voluntário com psiquiatras associados para atender gratuitamente até o próximo dia 26 dependentes químicos e seus familiares, pelas redes sociais.

De acordo com eles, o foco são pessoas de baixa renda que não teriam acesso ao tratamento no curto prazo.

O serviço é acessado no ‘Facebook’ e no ‘Instagram’, da associação, ou pelo número de ‘Whatsapp’: 51-980536208. Onde as pessoas podem marcar consulta e recebem o telefone do terapeuta, psicólogo ou psiquiatra. O atendimento é diariamente, das 8h às 22h.