Pandemia do coronavírus pode reverter desenvolvimento humano pela 1ª vez em 30 anos

por Renata Nicolli Nasrala
com informações da Agência Brasil
Publicado em 21 maio 2020, às 00h00.

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) desta quarta-feira (20) a pandemia causada pelo coronavírus pode reverter  o desenvolvimento humano pela primeira vez desde 1990, já que o surto expôs completamente as desigualdades pelo mundo.

Além disso, a instituição acrescentou que a crise revelou a força da ação coletiva diante de uma ameaça comum, e fez com que o mundo mostrasse força no combate à mudança climática.

Entenda como o coronavírus pode ajudar no desenvolvimento humano

De acordo com o chefe do Pnud, o teuto-brasileiro Achim Steiner, outros choques como a crise financeira de 2007-2009 ou o surto de ebola na África Ocidental em 2014-2016  abalaram, mas não impediram, avanços no desenvolvimento ano a ano de forma geral.

“A covid-19 pode mudar essa tendência com seu golpe triplo na saúde, educação e renda”, afirmou.

Além das mortes por coronavírus, que já ultrapassam 320 mil, a crise pode ter como efeito indireto a morte de mais 6 mil crianças por dia devido a doenças evitáveis nos próximos seis meses, conforme o Pnud.

Educação

Seis de 10 crianças em todo o mundo não estão recebendo educação por causa do fechamento de escolas, e como recessões profundas estão afetando a maioria das economias, o declínio no Índice de Desenvolvimento Humano do Pnud seria equivalente à anulação de todo o progresso dos últimos seis anos.

O declínio está afetando nações ricas e pobres, mas acredita-se que será muito mais agudo em países em desenvolvimento menos habilitados a lidar com as consequências sociais e econômicas da pandemia.

“Se não incluirmos a igualdade na caixa de ferramentas políticas, muitos ficarão ainda mais para trás”, alertou Pedro Conceição, diretor do escritório do Pnud que produz o Relatório de Desenvolvimento Humano anual.

“Isso é particularmente importante para as novas necessidades do século 21, como o acesso à internet, que está nos ajudando a nos beneficiarmos da teleducação, telemedicina e a trabalhar em casa”, acrescentou o diretor em comunicado.

Além disso, o Pnud estima que 86% das crianças no ensino primário estão, na prática, fora das escolas em países de baixo desenvolvimento por carecerem das ferramentas para o aprendizado digital – a taxa é de 20% nas nações mais ricas.

Quanto à aplicação das lições da pandemia no combate à mudança climática, “se precisávamos de uma prova de conceito de que a humanidade consegue reagir coletivamente a um desafio global compartilhado, agora estamos vivendo isso”, observou o relatório.