Descoberta: coronavírus em morcegos pode estar circulando há 70 anos

por Renata Nicolli Nasrala
com informações do R7
Publicado em 1 ago 2020, às 11h40.

De acordo com uma pesquisa feita pela revista científica Nature Microbiology, estudiosos dos Estados Unidos, Reino Unido, China e Bélgica identificaram três possíveis datas para o surgimento do coronavírus no mundo: 1948, 1969 e 1982.

Além disso, o estudo identificou que o coronavírus possivelmente pode ter começado a circular entre os morcegos. Entenda melhor abaixo!

Coronavírus em morcegos: o que levou os pesquisadores a chegarem nesses animais

De acordo com o estudo, o Sars-CoV-2 e o Sars-CoV fazem parte do subgênero sabercovírus, que passa por recombinações frequentemente e possui uma diversidade genética importante.

Conforme os pesquisadores, o Sars-CoV-2 não é uma variação de nenhum sabercovírus encontrado até o momento.

Dessa maneira, a presença de receptores ACE2 humanos, que possibilita que o vírus infecte os seres humanos é uma característica ancestral e não algo que adquirido recentemente.

Portanto, para chegar até possíveis datas do surgimento do coronavírus, o estudo tentou recriar a árvore genealógica, utilizando três técnicas de comparação com outros sabercovírus.

Segundo a pesquisa, foi identificado o vírus RaTG13 como o parente mais próximo do Sars-CoV-2, entretanto, cada técnica aponta uma data provável diferente para a separação.

O artigo explica que os coronavírus são altamente recombinogênicos, ou seja, recombinam partes de RNA, pequenas sub-regiões do material genético, que podem ter origens independentes.

“Os vírus da gripe reagrupam, mas não sofrem recombinação homóloga nos segmentos de RNA, o que significa que as perguntas sobre origens para surtos de influenza sempre podem ser reduzidas às perguntas sobre origens para cada um dos oito segmentos de RNA de influenza”, informa o artigo.

Por fim, o estudo informa que o vírus que circula em morcegos já possui os receptores para humanos, sugerindo que o vírus possa ter contaminado humanos sem a necessidade de hospedeiro intermediário, mas não exclui a possibilidade de ter os pangolins como intermediários.

“[…] as evidências atuais são consistentes com o fato de o vírus ter evoluído em morcegos, resultando em sarbercovírus de morcego que podem se replicar no trato respiratório superior de ambos: humanos e pangolins.”